Servidores recebem sinal no encerramento do curso de capacitação Surdez e Libras
O curso teve o objetivo de proporcionar aos alunos compreensão da cultura surda e conhecimentos básicos da Língua Brasileira de Sinais
Aconteceu ontem à tarde, dia 30, o encerramento do curso de capacitação Surdez e Libras – Aspectos Teóricos e Práticos ofertado aos servidores do IFG. O curso foi uma iniciativa da Coordenação de Recursos Humanos e Assistência ao Servidor (CRHAS) do IFG Câmpus Goiânia Oeste juntamente com a tradutora e intérprete de língua de sinais e servidora técnica-administrativa do câmpus, Lourena Cristina de Souza Barreto. O aluno do curso superior de Licenciatura em Letras/Libras da UFG e ex-aluno do IFG no Câmpus Cidade de Goiás, Valdir Moraes, compareceu a cerimônia de encerramento para dar o nome de batismo em Libras para os alunos concluintes.
Pessoas surdas ou que tem contato com a comunidade surda normalmente recebem um sinal em Libras que a identificam . O ato de “dar um sinal” a alguém recebe o nome de batismo e faz parte da Cultura Surda. Este sinal deve ser criado e dado por um surdo que após observar as características da pessoa e conversar com ela, irá atribuir o sinal de identificação pessoal, não podendo mais ser alterado.
“O curso foi pensado para entender a comunidade surda e os aspectos que envolvem a surdez, por isso que ele foi um curso inicial de Libras, para os servidores terem uma noção de como é a língua de sinais, como ela surgiu, como é o sujeito surdo, como é o primeiro momento de comunicação com ele. O curso Surdez e Libras foi uma orientação e também o ensino dos sinais básicos necessários para os servidores terem uma comunicação inicial com os surdos, saberem como agir e se comunicar ao estar com um surdo. Porque em todas as áreas o ideal seria que pelo menos 5% dos servidores soubessem Libras para se comunicar com o surdo, porque ele está no nosso ambiente, todo lugar que vamos é possível encontrarmos surdos, e a sociedade tem que estar preparada para recebe-los, principalmente nós do IFG que pensamos em uma educação para todos, para a diversidade. A acessibilidade não é apenas a acessibilidade física, existe a acessibilidade comunicativa também, então nós temos que aprender e estar preparados para lidar com o sujeito surdo. Acredito que com este entendimento iremos atrair mais alunos e servidores surdos e mais professores de Libras para a nossa instituição. Precisamos desta capacitação não só aqui no IFG, claro que aqui é um começo, porque estamos no âmbito da educação, mas o ideal é que seja em toda a sociedade”, afirmou a professora bilíngue, Lourena Cristina de Souza Barreto.
A jornalista do IFG Câmpus Aparecida de Goiânia, Regina Magnabosco, interessou pelo curso por conviver com discentes e docentes surdos no câmpus: “Quando encontrava com um surdo e tinha vontade ou necessidade de conversar com ele e não conseguia era muito ruim, sempre precisava da ajuda de um intérprete. Agora já tenho uma noção da língua de sinais e consigo falar um pouco com eles, claro que ainda preciso avançar, por isso espero que o curso tenha uma continuação para aprendermos mais e praticarmos até sermos fluentes na língua de sinais”.
“Este curso teve um grande significado para mim. Representou um desafio com o novo e uma busca pelo aprendizado, mesmo em meio a escassez de tempo na atuação como professora e coordenadora do câmpus. A professora Lourena planejou e ministrou as aulas de maneira leve e colocou os discentes como protagonistas do processo ensino-aprendizagem. Pensando em um ambiente de inclusão, tanto na área da educação quanto na área da saúde, das quais faço parte, considero imprescindível esse conhecimento, para receber e acompanhar de modo adequado e inclusivo alunos e pacientes. Acredito que ser professor é trilhar uma caminhada de ensinar e aprender, por isso, expressei minha satisfação com o curso e a vontade em continuar a aprender Libras”, disse Katiane Martins Mendonça, professora, enfermeira e coordenadora do curso Técnico em Enfermagem Modalidade EJA no IFG Câmpus Goiânia Oeste.
O pedagogo e técnico-administrativo do câmpus, Igor Luis Ribeiro Teodorico, que atua na Coordenação de Apoio Pedagógico ao Discente, acredita ser indispensável ao servidor buscar cursos de capacitação que visam a inclusão: “Achei o curso muito desafiador, com conhecimentos práticos que para mim eram inimagináveis, não tinha a menor noção da Língua Brasileira de Sinais. É sempre bom ter programas de capacitação como este para buscarmos realmente a inclusão de todos os alunos. Para mim cursos assim são essenciais para a formação do servidor, por isso todos devem buscar esta capacitação”.
“Este curso foi uma iniciativa da Coordenação de Recursos Humanos do câmpus em parceria com a nossa servidora Lourena Barreto, a quem agradecemos pelo empenho e dedicação no desenvolvimento e finalização deste curso. Somos uma instituição pública, gratuita e acima de tudo inclusiva. Neste sentido, parabenizamos a todos que concluíram o curso Surdez e Libras que teve como objetivo proporcionar aos nossos servidores uma comunicação preliminar no atendimento ao surdo no desempenho da função. Acredito que o mais relevante deste curso foi o fato dos servidores terem buscado esta capacitação de forma voluntária. Esta iniciativa mostra o comprometimento dos nossos servidores em terem um olhar sensível ao cidadão que possui algum tipo de deficiência, seja ela auditiva, visual, física ou intelectual. Considero que esta sensibilidade do servidor é que garantirá o processo de inclusão social das pessoas com deficiência, porque parte do olhar do outro para o diferente que se dispõe a aprender uma nova língua com o intuito de garantir a comunicação entre as partes”, ressaltou Oneida Cristina Gomes Barcelos Irigon, diretora-geral do IFG Câmpus Goiânia Oeste.
Com carga horária de 44 horas, o curso iniciou no segundo semestre de 2016 e encerrou em março deste ano. Os principais objetivos do curso foram desmistificar o estigma construído socialmente sobre as línguas de sinais; proporcionar aos participantes conhecimentos acerca da cultura e identidade surda e também conhecimentos básicos sobre a Língua Brasileira de Sinais; além de fomentar o respeito aos cidadãos surdos e à sua cultura; e despertar a consciência para a necessidade de promover a acessibilidade comunicativa aos sujeitos surdos. As aulas foram ministradas em Língua Portuguesa e em Libras pela professora bilíngue Lourena Cristina de Souza Barreto.
Continuidade
A professora bilíngue, tradutora e intérprete de língua de sinais, Lourena Cristina de Souza Barreto informou aos alunos que desejam continuar a busca pela capacitação e aos servidores que não tiveram oportunidade de fazer o curso e que possuem interesse em aprender a línguas de sinais que o câmpus pretende oferta novos cursos, mas que existem também outros locais de capacitação em Libras: “O Centro de Atendimento às pessoas com Surdez (CAS) oferece cursos gratuitos, e os servidores da área da educação tem prioridade assim como parentes de surdos para fazer os cursos que são oferecidos. Na CAS tem processo seletivo para os cursos em maio/junho e em outubro/novembro. Tem também a Associação de Surdos de Goiânia (ASG) que oferece cursos durante a semana e aos sábados também, os cursos tem um valor simbólico e o aluno participa de várias atividades de convivência com a comunidade surda. Tem o Sistema Educacional Chaplin que é uma escola particular de ensino de língua de sinais. E além destes cursos presencias tem também cursos à distância como os oferecidos pela ENAP. O importante é estar sempre praticando, porque Libras é uma língua então é preciso ter o contato para associar o sinal a palavra em português, e o contato com o surdo com certeza ajudará a desenvolver mais a língua de sinais”.
Veja mais fotos da aula de encerramento.
Comunicação Social/Câmpus Goiânia Oeste
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