Palavras, cheiros, memórias e emoções são interligados em estudo poético
Pesquisa de estudantes de Ciências Biológicas e Ciências Sociais utiliza como referência a poesia goiana de Cora Coralina, Augusto Niemar e José Godoy Garcia
“Um encontro entre literatura e olfato”: é dessa forma que a aluna bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), Karla Patrícia Soares, define o seu projeto de pesquisa “O aroma das palavras: memórias olfativas na geopoesia goiana”, realizado junto com o estudante voluntário do curso de Licenciatura em Ciências Sociais, Mateus Guedes Borges. Ambos apresentaram os resultados do estudo no 14º Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica (SICT) do Instituto Federal de Goiás (IFG), na última semana.
A pesquisa iniciou-se ano passado, a partir de três oficinas sobre poéticas olfativas realizadas no Câmpus Formosa do Instituto Federal de Goiás (IFG), entre 2019 e 2020. Ela estabelece uma relação entre palavras, cheiros e emoções. É possível que palavras estejam relacionadas a cheiros e que estes tragam lembranças de sentimentos e experiências? Os pesquisadores afirmam que sim. Os signos linguísticos – palavras, pinturas, filmes, entre outros –, ao serem evocados, levam as pessoas a sentirem cheiros específicos que resgatam memórias e, com elas, emoções.
Para a pesquisa são estudados a fundo três autores goianos e suas obras: José Godoy Garcia (“Poesias”), Augusto Niemar (“Poemas da rua do fogo”) e Cora Coralina (“Meu livro de cordel”). Por meio de seus textos, cada autor provoca uma compreensão mais profunda no leitor, já que as palavras evocam cheiros e lembranças.
“A gente lê [a poética olfativa] para além das palavras; a gente busca o cheiro, encontra a memória olfativa, sempre utilizando bastante dos meios sensoriais para compreender e sentir essa poesia”, reflete Mateus. “A memória se constitui das heranças de experiências que a gente tem na vida. O que aciona essa memória podem ser os sentidos sensoriais”, como o olfato, explica ele.
“A gente sente o que aquele poema está falando através do cheiro”, diz Mateus. O pesquisador cita o exemplo de Cora Coralina, que, ao falar sobre o “cheiro da terra” em seus escritos, trata da geopoesia, referindo-se ao cheiro da terra goiana, às vivências no Estado de Goiás.
A pesquisa foi desenvolvida pelos estudantes com a orientação do professor doutor Lemuel da Cruz Gandara e com a co-orientação da mestra Ana Paula Melo Saraiva Vieira. O orientador destaca o ineditismo do trabalho. “O projeto reforça a autonomia intelectual que busco trazer para minhas pesquisas e estimular nos jovens pesquisadores. As perspectivas teóricas são inéditas, sobretudo as poéticas olfativas, que se tratam de uma abordagem nova no país e que foi enunciada pela primeira vez por nós, nas oficinas que a área de Línguas ofereceu em 2019 e 2020”, declarou.
A pesquisa “O aroma das palavras: memórias olfativas na geopoesia goiana”, concluída nesse ano, foi selecionada em primeiro lugar pelo Edital nº 9/2020/PROPPG, concorrendo com projetos de outros câmpus do IFG. Sendo aprovada pelo Pibic - Ações Afirmativas, recebeu bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), de acordo com convênio firmado entre CNPq e IFG.
Setor de Comunicação Social/Câmpus Formosa
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