Curso de Licenciatura em Pedagogia Bilíngue do IFG conquista nota máxima no conceito do MEC
O curso é ofertado no Câmpus Aparecida de Goiânia com reserva de vagas para surdos
O curso de Licenciatura em Pedagogia Bilíngue do IFG conquistou conceito máximo de avaliação do Ministério da Educação (MEC). A notícia da nota 5 foi recebida com festa nesta terça-feira, 19, no Câmpus Aparecida de Goiânia, onde é ministrado o curso. Alunos de todas as turmas do curso reuniram-se com professores no início da noite em confraternização. Paralelamente, outra festa acontecia nas redes sociais, com felicitações e um alegre envolvimento de alunos, professores e servidores administrativos.
A diretora-geral do Câmpus Aparecida de Goiânia, professora Ana Lucia Siqueira de Oliveira, manifestou seu agradecimento a toda a comunidade acadêmica pela conquista alcançada. Ana Lucia destaca que o curso de Pedagogia Bilíngue é um dos maiores desafios do IFG no Câmpus Aparecida de Goiânia, pelo caráter da inclusão. “Além da importância de ser um curso de formação de professores, a questão da inclusão dos alunos surdos no curso e a especificidade desse curso que forma o pedagogo que vai atender as crianças surdas é o desafio que abraçamos e para o qual tentamos manter a excelência na formação desse profissional”, afirma a diretora.
O reconhecimento do empenho de servidores e alunos para a excelente avaliação da Licenciatura em Pedagogia Bilíngue também é destacado pela coordenadora do curso, professora Aleir Ferraz Tenório: “É a alegria de ver um trabalho que tem se realizado em equipe ser reconhecido. Não é mérito de uma ou duas pessoas. É mérito de todos os que compõem a comunidade acadêmica do Câmpus Aparecida de Goiânia e é assim que pensamos deve ser entendida esta nota cinco”, afirmou Aleir. A coordenadora acrescenta que o resultado também advém de um sentido que tem sido dado no curso à Educação como um ato político, “que não se realiza desvinculada de um projeto social mais amplo, o projeto de uma sociedade inclusiva, onde todas as pessoas partilhem dos mesmos direitos e oportunidades”, destaca.
Novo ciclo
O curso de Pedagogia Bilíngue é destinado à formação de professores para atuar na educação de surdos e ouvintes na educação infantil, nas séries iniciais do ensino fundamental, trabalhar em equipes multidisciplinares, em espaços como gestor na Educação e onde se requer o trabalho do pedagogo. A professora Waléria Batista da Silva Vaz Mendes avalia que a nota atribuída pelo MEC é o fechamento de um ciclo que teve início coletivo, com o objetivo de atender principalmente o surdo. Ao considerar o momento histórico atual como “importantíssimo”, por dar mais atenção à educação bilíngue para surdos, a professora avalia que o conceito de excelência “dá início a uma nova etapa de construções mais significativas para a comunidade surda”. Tais construções, conforme explica, são a formação e efetivação de escolas bilíngues e a criação de uma formação continuada de professores nos âmbitos lato e stricto sensu.
O comprometimento dos docentes com a causa está ocorrendo também na busca por aprender a Língua Brasileira de Sinais (Libras), para conseguir maior envolvimento com os alunos e qualidade em suas aulas, mesmo contando com a presença dos intérpretes. É o caso da professora Joana Cristina Neves de Menezes Faria, que ministra aulas de Biologia no curso de Pedagogia Bilíngue e está estudando Libras. “Nós professores estamos em constante estudo para conseguir atender a uma demanda que para nós é nova”, afirma.
A aluna Mônica Alves é surda e destaca que o bilinguismo é importante também para o ouvinte, porque o surdo vê a diversidade no ouvinte e vice-versa, acrescentando que ambos crescem no compartilhamento de conhecimentos e experiências. Ela faz uma relação do bilinguismo com a interdisciplinaridade, em que os estudantes ganham em conhecimento ao compreender a interação que existe nos diferentes ramos do conhecimento.
Os professores têm um apoio fundamental de intérpretes de Libras em suas aulas. A primeira intérprete do curso é a servidora Marly Rodrigues Silva de Souza, que reitera a conquista do conceito 5 pela curso como “uma vitória”, pelo fato de ser o fruto de muita luta que inclui professores, alunos, intérpretes e outros servidores administrativos do IFG. Ela lembra das lutas por mais intérpretes, que hoje são nove, e do empenho dos professores de variadas disciplinas que estão estudando Libras. “Não faltam dificuldades, mas também não falta engajamento nessa luta”, resume Marly.
Vitória e coletividade
Os alunos demonstraram não apenas satisfação com a notícia, mas um sentimento de vitória em suas trajetórias de vida. Nataly Lobão, aluna do quinto período, conta que sentiu a mesma felicidade de quando entrou no IFG, há dois anos e meio. Ela diz ter ficado muito emocionada nos dois momentos: “Eu não acreditava que uma menina que estudou em escola pública, sempre teve que trabalhar e estudar, conseguiria entrar em um Instituto Federal e a partir de agora estar em um curso reconhecido com nota máxima”, afirma.
Alunas da primeira turma do curso, Ariana dos Santos Silva e Sandra Farias Costa vão colar grau no mês de abril e relembram o empenho de estudantes e professores num trabalho que hoje é motivo de orgulho. Sandra comenta que desde 2015 o curso vem sendo remodelado numa contribuição mútua de alunos e professores. “Essa conquista é de todos nós”, completa Ariana. A aluna Lígia Gonçalves Costa, do sétimo período, destaca que “adequações” são uma qualidade quando se trabalha com seres humanos, “porque nada está pronto e acabado”, diz, enaltecendo o caráter de justiça social proporcionado pelo curso de Licenciatura em Pedagogia Bilíngue.
Mônica Alves, do sétimo período, ressalta que o bilinguismo é importante não apenas para os estudantes surdos, como ela, mas também para os ouvintes. Para Mônica, o surdo vê a diversidade no ouvinte e vice-versa, acrescentando que ambos crescem no compartilhamento de conhecimentos e experiências. Ela faz uma relação do bilinguismo com a interdisciplinaridade, em que os estudantes ganham em conhecimento ao compreender a interação que existe nos diferentes ramos do conhecimento.
Já a estudante Priscila Rocha, também do sétimo período, é ouvinte, mas tem um filho surdo, que teve o acompanhamento dela em sua alfabetização e neste ano foi aprovado para o curso de Medicina na Universidade Federal de Goiás (UFG), o que também foi muito comemorado por professores e alunos do IFG. Agora, a possibilidade de Priscila participar da alfabetização de outros surdos tem fronteiras alargadas, como futura pedagoga bilíngue, em Libras e Português.
Pioneirismo
Quando foi iniciado no Instituto Federal de Goiás em 2015, o curso de Pedagogia Bilíngue era o único do País na modalidade presencial. Sua característica inclusiva deu um salto no ano seguinte, quando o número de alunos surdos elevou-se de um para sete e houve ainda o ingresso de um professor surdo, Diego Leonardo Pereira Vaz. Atualmente, além de oferecer o curso presencial de Pedagogia Bilíngue, com reserva de vagas para surdos, o Câmpus Aparecida de Goiânia do IFG é polo do Instituto Nacional de Surdos (INES) na oferta do curso de Pedagogia EaD. O IFG é um dos 12 polos do País e o único de Goiás a oferecer o curso em cooperação com o INES.
Coordenação de Comunicação Social e Eventos / Câmpus Aparecida de Goiânia
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