Horta Sociológica no Câmpus Aparecida de Goiânia trabalha a formação cidadã a partir da produção de alimentos
Fruto de projeto de ensino coordenado pela professora Manuela Alvarenga, o trabalho envolve questões sociais e ambientais
Criando uma cultura de alimentação sustentável e com o objetivo de promover a interação teórico-prática de estudantes com a natureza, está sendo desenvolvido no Câmpus Aparecida de Goiânia do Instituto Federal de Goiás o projeto de ensino “Horta Sociológica: construindo a cultura da alimentação sustentável no Câmpus Aparecida de Goiânia”. Coordenado pela professora Manuela Alvarenga do Nascimento, o trabalho envolve doze alunos de 2º ano dos cursos técnicos integrados ao Ensino Médio em Alimentos, Edificações e Química. O projeto abrange aspectos sociológicos, econômicos e ambientais da produção e do consumo de alimentos.
A Horta Sociológica parte do fato de que as pessoas precisam reconhecer as relações que permeiam o que lhes chega ao prato diariamente. A professora Manuela explica que os direitos alimentares incluem a importância de conhecermos se o alimento que consumimos faz uso de agrotóxicos, se sofreu modificações genéticas ou se decisões políticas ou econômicas estão por trás de determinado tipo de produção. Essas e outras questões são trabalhadas com os estudantes que compõem o projeto de ensino e enriquecem a ação prática que estão desenvolvendo na horta construída no câmpus.
Formação cidadã
Sem a utilização de insumos químicos, estão sendo cultivados na horta produtos como alface, pimenta, alecrim, cebolinha e outros. Os estudantes capinaram a área da horta, fizeram os canteiros, prepararam a terra e plantaram as mudas, trazidas por alunos e professores. Para os cuidados diários, os integrantes do projeto têm uma escala de rega, que inclui o sábado. A horta não está tendo problemas relacionados a pragas, mas os adolescentes estão preparados para enfrentá-los, caso ocorram. O trabalho na horta inclui ainda atividades extras, como pesquisa, desenvolvimento de receitas e um relato de suas atividades. Tudo isso vai para um e-book, conforme revela a professora Manuela Alvarenga, que deve ficar pronto ainda este ano.
“Eu estou gostando muito de participar desse projeto. É importante, porque é um avanço para a gente crescer em conhecimentos e poder oferecer alimentos saudáveis na escola”, relata a estudante Heloísa Azevedo. Ela tem a expectativa de que o projeto cresça, com a participação de mais estudantes e de servidores, que possam participar inclusive no período de férias. “Com mais pessoas, nós poderemos colocar mais coisas na horta”, acrescenta. Todas as decisões sobre o que produzir e a quem destinar a produção, segundo informa a professora Manuela, são tomadas coletivamente.
Considerando as complexas relações que envolvem a produção e o consumo de alimentos, a coordenadora do projeto destaca que o trabalho se alinha à proposta dos institutos federais, de contribuir para o desenvolvimento local através da formação cidadã. “Esse projeto propõe apontar caminhos e estimular a vivência do aluno de sua condição de cidadão através da prática alimentar. Portanto, o mesmo se justifica por constituir um importante instrumento didático de formação cidadã dos estudantes sobre suas próprias práticas alimentares e das desenvolvidas na cidade de Aparecida de Goiânia”, afirma a professora Manuela Alvarenga.
Apoio
O projeto de ensino Horta Sociológica recebeu este ano um importante apoio da empresa eeCoo, que atua na área da sustentabilidade ambiental, por meio do comércio e da distribuição de materiais descartáveis biodegradáveis e compostáveis. A Eecoo fez a doação de uma cerca para a horta, que a professora Manuela considerou de grande importância, por ajudar a evitar a retirada de hortaliças em momentos inoportunos por pessoas que não participam do projeto. Em visita à Horta Sociológica no final de novembro, o gerente comercial da eeCoo, Guilherme Neves, divulgou seu trabalho aos estudantes, que puderam enriquecer ainda mais seus conhecimentos sobre consumo e descarte não poluentes.
Guilherme, que também é sociólogo e pesquisador na área da sustentabilidade ambiental, trouxe amostras de copos e talheres fabricados com amido de milho e copos fabricados com celulose e revestimento de ácido poliático (também derivado do amido de milho). Os produtos, feitos a partir de alimentos naturais, são mais resistentes que os descartáveis de plástico convencional, com a vantagem de, após serem reutilizados algumas vezes, poderem ser descartados com o lixo orgânico. Enquanto o plástico leva em média 400 anos para se decompor, os recicláveis de amido de milho se decompõem no período de seis meses a dois anos.
Além de poderem ser utilizados no consumo de alimentos, os copos biodegradáveis podem servir para o plantio de mudas, segundo explicou Guilherme Neves aos estudantes, pois se decompõem na terra nos primeiros meses ou anos do crescimento da planta. Alguns dos estudantes participantes do projeto revelaram já ter ouvido falar nesse tipo de material descartável, mas nenhum deles havia ainda conhecido de fato os produtos.
Para a professora Manuela Alvarenga do Nascimento, a parceria enriquece o projeto, por despertar a consciência ambiental sobre os malefícios causados pelos descartáveis plásticos. “As pessoas precisam saber que existem produtos descartáveis e sustentáveis e estes produtos, ao meu ver, já deviam ter ocupado o lugar dos copos de plástico, em todos os lugares, como refeitórios de escolas, clínicas médicas, eventos e outros”, afirma. A professora considera que é fundamental as pessoas conhecerem tais alternativas e que mais fabricantes ocupem o mercado “com uma concorrência saudável entre produtos que não danificam a sociedade”, diz.
Experiência
A experiência da Horta Sociológica no Câmpus Aparecida de Goiânia começou em 2018, sendo este o terceiro grupo de estudantes a participar do projeto. Antes disso, a professora Manuela realizou trabalho semelhante no período de 2015 a 2017 no Câmpus Itumbiara, onde atuava. Ela avalia que é muito positivo o resultado do trabalho para despertar o interesse dos estudantes para aspectos mais complexos que envolvem a produção de alimentos. “Os estudantes têm mais contato com a produção alimentícia e com questões sociais que as envolvem”, afirma.
Coordenação de Comunicação Social / Câmpus Aparecida de Goiânia
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