IFG protagoniza encontro de mobilização dos homens pelo fim da violência contra a mulher
Evento teve participação do Conselho Estadual da Mulher, de representantes de órgãos governamentais e entidades da sociedade civil
O Instituto Federal de Goiás (IFG) organizou e sediou encontro da Campanha Laço Branco: homens de Goiás unidos pelo fim da violência contra a mulher, na manhã desta sexta-feira, no Teatro IFG, em Goiânia. O evento marcou o dia 6 de dezembro, data escolhida para celebrar a campanha e manter viva a memória de 14 mulheres assassinadas em Montreal (Canadá), simplesmente pelo fato de serem mulheres, em 1989.
“Urge que nós, homens, façamos alguma coisa. Não basta dizermos que não somos machistas, que não somos violentos. É preciso atitude”, disse o coordenador de Extensão da Pró-Reitoria de Extensão (Proex) do IFG, Emmanuel Victor Moraes, que abriu o encontro. O pró-reitor de Extensão, Daniel Barbosa, completou em seguida: “estamos num espaço privilegiado que reúne gestores públicos. Para além da indignação, precisamos propôr uma agenda de combate a violência contras as mulheres em Goiás, um dos estados mais violentos do país.”
Após as falas iniciais dos representantes da Proex, a presidente da Conselho Estadual da Mulher, Ana Rita de Castro, fez uma exposição sobre a violência contra a mulher no Brasil, que ocupa o lugar de quinto país mais violento do mundo. Dados consolidados de 2017 mostram que a cada dia, são registrados 616 casos de lesão corporal dolosa contra as mulheres e 164 casos de estupro. Há ainda estimativas que apontam que a cada 1,4 segundo, uma mulher é vítima de assédio.
“A mulher está exposta a vários ciclos de violência, em todas as fases da vida”, resumiu Ana Rita. Ela lembrou que 80% dos casos de agressões são cometidos no espaço doméstico, por maridos, companheiros ou ex-companheiros. Também no espaço doméstico é que ocorrem a maior parte dos casos de violência contra meninas. “51% das crianças abusadas sexualmente têm entre 1 e 5 anos”, afirmou.
Ana Rita lembrou que o machismo e a violência contra a mulher é um problema de toda a sociedade, com aspectos estruturais e culturais. Segundo ela, o Estado e suas instituições têm de assumir suas responsabilidades para a promoção da equidade, porque esse Estado foi, durante muito tempo, espaço de fomento e de legitimação da subalternização das mulheres. Ela agradeceu ao IFG e disse que, pela primeira vez, a campanha estava sendo puxada por homens e por uma Instituição de peso.
Autoridades
Foram convidados a fazer uso da palavra autoridades presentes. O professor Jerônimo Rodrigues da Silva, reitor do IFG, falou em nome da Instituição e destacou os avanços alcançados, como o crescimento do número de servidoras e de alunas. Mas ressaltou que é preciso avançar mais, principalmente nas políticas institucionais de combate as desigualdades de gênero.
Também fizeram uso da palavra a secretária estadual de Desenvolvimento Social, Lúcia Vânia; o coordenador-geral do Grupo Reflexivo para Autores de Violência Doméstica, José Geraldo Veloso Magalhães; o advogado Philipi Avapian, representando o Núcleo de Defesa da Mulher da Defensoria Pública de Goiás; e o coordenador do Comitê Goiano de Direitos Humanos Dom Tomás Balduíno, Pedro Wilson Guimarães.
Lúcia Vânia destacou as ações do governo estadual na área da segurança e, em especial, a disponibilização de um número de telefone para as mulheres acionarem a polícia, a criação de uma sala especial para as mulheres vítimas na IML (Instituto de Medicina Legal) e o programa de divulgação da Lei Maria da Penha.
José Geraldo cobrou do governo estadual mais ações. Segundo ele, em 2015 havia várias ações e “hoje só temos desmonte das políticas públicas de combate à violência contra as mulheres.” Ele explicou que os grupos reflexivos trabalham com os homens que são encaminhados compulsoriamente pela Justiça para palestras e contou que dos 1.400 que participaram do trabalho, somente 14 voltaram a agredir suas mulheres.
Philipi Avapiam destacou o esforço da Defensoria Pública de Goiás em fazer um trabalho específico de combate à violência contra as mulheres. “Temos apenas dois núcleos especializados: um que cuida de toda a área de direitos humanos e outro para a defesa da mulher. Ele chamou todos os homens à responsabilidade, dizendo que na vida cotidiana, nas rodas de conversas, na criação dos filhos e filhas e nas relações conjugais o machismo está presente.
Pedro Wilson criticou a iniciativa do Procurador-geral da República, Augusto Aras, de tutelar o Conselho Nacional de Direitos Humanos, ao retirar o mandato da procuradora Déborah Duprat, da Procuradoria-Geral de Direitos do Cidadão, e se colocar como representante do Ministério Público Federal. E chamou a todos os presentes para a construção de uma sociedade na qual homens e mulheres vivam e convivam com igualdade de direitos.
Palavra aberta
O encontro teve ainda um momento de fala para os participantes. Oito pessoas se inscreveram, com destaque para a fala da vereadora Dra. Cristina, que se apresentou como uma sobrevivente da violência contra mulheres. “Se tenho 80% do meu corpo queimado é porque sou mulher. As 14 mulheres assassinadas no Canadá, em 1989, foram assassinadas pelo simples fato de serem mulheres.” Ela pediu pelo fim da violência contra a mulher, a começar pela não divulgação de imagens de violência. “Precisamos de uma cultura de paz e de afirmação da mulher”, enfatizou.
Ao final do encontro, foi lançado o Protocolo de Compromissos – Campanha Laço Branco: homens de Goiás unidos pelo fim da violência contra a mulher. O protocolo foi assinado pelas autoridades e demais presentes e poderá ser assinado por representantes de outras entidades ou instituições que queiram assumir o compromisso de contribuir para o enfrentamento da violência de gênero e organizar uma agenda de ações que envolva e mobilize os homens pelo fim de todas as formas de violência contra a mulher.
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Diretoria de Comunicação Social/ Reitoria.
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