Obras de restauração do pórtico do Câmpus Goiânia são iniciadas
Para o restauro, serão empregados recursos de R$ 500 mil do Fundo de Arte e Cultura de Goiás
Na segunda-feira, 10 de agosto, tiveram início as obras de restauração do pórtico alusivo ao Batismo Cultural de Goiânia, situado no Câmpus Goiânia do Instituto Federal de Goiás (IFG). O restauro começou com serviços preliminares, como instalação de novo tapume, revisão do tapume existente e pintura dessas estruturas. A edificação foi entregue em julho de 1942, à época da Exposição Cultural Econômica da Capital, evento que marcou culturalmente a inauguração da capital Goiânia, fundada em 24 de outubro de 1933. O restauro será realizado pela empresa Elysium Sociedade Cultural e a entrega da obra está prevista para o dia 10 de novembro.
O pórtico é um dos bens públicos tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e também pelo Governo de Goiás como patrimônio arquitetônico e urbanístico Art Déco de Goiânia, assim como Teatro do IFG e as áreas integrantes dos blocos 100 e 200 no Câmpus Goiânia do IFG. O tombamento ocorreu quando a instituição era o então Centro Federal de Educação Tecnológica de Goiás (Cefet-GO) e refere-se a edificações erguidas na época da Escola Técnica de Goiânia, em 1942.
Ainda neste ano de 2020, o Iphan autorizou, no dia 6 de março, o início das obras de restauração do pórtico, sendo que a previsão era de que a obra fosse entregue no dia 5 de julho, para a celebração do aniversário de 78 anos do Câmpus Goiânia do IFG (leia mais). Por conta da pandemia de Covid-19, não foi possível a execução do projeto programada inicialmente.
Para a Diretora-Geral do Campus Goiânia do IFG, professora Maria de Lourdes Magalhães, a restauração do pórtico alusivo ao Batismo Cultural de Goiânia significa uma vitória para a comunidade acadêmica, bem como para toda comunidade goianiense. “O Instituto Federal de Goiás – Câmpus Goiânia sempre se preocupou com a manutenção e preservação de sua sede que foi tombada em 2003 pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)”, afirmou.
De acordo com a produtora da Elysium Sociedade Cultural, Anabella Borghi, o projeto foi contemplado pelo Fundo de Arte e Cultura de Goiás (FAC). “O projeto foi contemplado em 2017, mas o recurso só foi liberado em dezembro de 2019. Estávamos organizando para começar as obras no começo deste ano, mas teve um atraso por conta da pandemia”, disse. Na obra, serão empregados recursos de R$ 500 mil.
Segundo o arquiteto responsável pela obra, Adriano Carvalho, a expectativa é que a restauração seja entregue três meses após o início das obras. “Por ser uma obra de restauro, temos uma série de cuidados que devem ser tomados”, explicou. Adriano ressaltou que um dos elementos que chamam atenção no pórtico, construído no estilo Art Déco, é a laje. “É uma laje muito fina que cria uma sensação de leveza”, disse. O engenheiro também adiantou que será feito um serviço de paisagismo em volta do pórtico.
O coordenador do projeto de restauração, Wolney Unes, contou que a construção agregou o que havia de mais moderno na época. “Chama a atenção a esbeltez da laje e dos pilares, algo possível apenas com o uso do concreto armado, tecnologia recém-desenvolvida naquela época”, explicou. “Ainda hoje, por ocasião da elaboração dos cálculos estruturais para recuperação da laje, o engenheiro calculista ficou impressionado com a precisão do projeto e de sua execução”, acrescentou.
Projeto de Jorge Félix de Souza
O pórtico é obra do engenheiro e arquiteto Jorge Félix de Souza. O engenheiro nasceu em 1905 na cidade de Goiás e formou-se no Rio de Janeiro, na então Universidade do Brasil. “Posteriormente, Jorge cursou especialização em Cálculo de Concreto Armado e Resistência de Materiais, e trabalhou no Rio de Janeiro e Minas Gerais, antes de voltar a Goiás”, disse Wolney Unes.
Wolney ressaltou, que apesar da importância do arquiteto, existem poucos relatos sobre sua vida. “Além dessa obra, projetou a Igreja Imaculado Coração de Maria, na confluência da Av. Araguaia com a Av. Paranaíba, além de ter elaborado o cálculo estrutural do Teatro Goiânia”, disse. “Muito religioso, foi agraciado pelo papa Pio XII em 1956 com a comenda de Cavaleiro da Ordem de São Silvestre, por seu trabalho em favor de obras religiosas, em 30 de outubro”, acrescentou.
Em 1958, Jorge Félix foi um dos fundadores da Sociedade Goiana de Cultura, mantenedora da Universidade Católica de Goiás. Foi cofundador da Escola Goiana de Belas Artes, instituição católica de ensino superior, que daria origem à Faculdade de Arquitetura da PUC Goiás. “Ali deu aulas de Elementos de Perspectiva e Arquitetura Analítica e Geometria Descritiva no curso de Arquitetura”, disse Wolney.
Jorge Félix de Souza também foi professor na então Escola Técnica Federal de Goiás (atual Câmpus Goiânia do IFG), participou da fundação da Faculdade de Filosofia de Goiás e deu aulas nessa faculdade de Matemática. Além disso, Jorge Félix foi diretor da Escola Técnica Federal de Goiás, por dois anos. Em sua homenagem, a Biblioteca do Câmpus Goiânia do IFG leva o nome de Jorge Félix. Ele morreu, em 1983, em decorrência de colapso cardíaco fulminante, em Goiânia.
Coordenação de Comunicação Social do Câmpus Goiânia do IFG, com informações da assessoria de imprensa da Elysium Sociedade Cultural.
Redes Sociais