A complexidade da interpretação em Libras no IFG e as demandas por atendimento
Intérpretes do Câmpus Aparecida de Goiânia elaboram manual e vídeos (para alunos/servidores e para palestrantes externos) sobre como devem ser solicitados os serviços destes profissionais
O Câmpus Aparecida de Goiânia do Instituto Federal de Goiás tem muito orgulho em ser um espaço de convivência e de inclusão de pessoas surdas. E isso se dá, principalmente, pela existência do curso de Pedagogia Bilíngue Libras/Português nesta unidade. Por outro lado, essa peculiaridade exige que haja uma equipe especializada no atendimento a esse público. Uma equipe formada por profissionais capacitados para falar a primeira língua do surdo, que é a Libras – Língua Brasileira de Sinais, em um ambiente de educação formal, garantindo assim uma verdadeira inclusão.
Sobre essa exigência a professora Mara Lina Rodrigues, Chefe do Departamento de Áreas Acadêmica do Câmpus Aparecida de Goiânia, esclarece: “O trabalho dos intérpretes além de ser coerente com as políticas institucionais de inclusão, ainda é parte legal das legislações que tratam da acessibilidade da comunidade surda no Brasil. Então é um trabalho fundamental tantos nas aulas em que os alunos surdos estão presentes quanto nas demais atividades institucionais, como reuniões, palestras e minicursos.”
Alunos surdos e ouvintes assistem aulas e participam de eventos junto a professores ouvintes e surdos
Todas as aulas do curso de Pedagogia contam com a presença de intérpretes. Assim como, é neste câmpus que está lotado o único professor surdo da instituição, sendo que suas aulas também demandam a tradução Libras / Português para estudantes ouvintes. Ou seja, a equipe de intérpretes do IFG Aparecida de Goiânia está integralmente comprometida com o processo de ensino/aprendizagem nesta licenciatura e em todos os momentos em que há pessoas surdas demandando conhecimentos disponíveis no IFG.
Por isso mesmo, segundo a professora Mara Lina, o trabalho dos intérpretes é muito complexo e de muita responsabilidade: trata-se de uma outra língua, com estrutura muito diferente do português, e que é feita de forma simultânea.
Segundo a professora Mara Lina, o trabalho dos intérpretes é muito complexo e de muita responsabilidade: trata-se de uma outra língua, com estrutura muito diferente do português, e que é feita de forma simultânea, com o objetivo de permitir a aprendizagem do aluno surdo.
Sobre esta simultaneidade, Mara diz: “Não há possibilidade de refazer, de retornar, então a responsabilidade é muito grande! No âmbito escolar temos muitos termos técnicos específicos, muitos conceitos e é impossível que um intérprete domine tudo isso de todas as diferentes áreas. Por isso é preciso que o intérprete tenha contato com o tema, os termos e os conceitos antes do momento da interpretação, para que possa estudar e trazer a interpretação mais adequada. Sem esse contato prévio com o conteúdo, toda a interpretação fica comprometida.”
Além do mais, não é só o Câmpus Aparecida de Goiânia que precisa estar preparado para esse trabalho de tradução e interpretação em Libras. O estudante surdo e a comunidade surda de um modo geral tem o direito de participar dos eventos, cerimônias, atividades acadêmico-científicas e culturais da instituição, que é pública e que busca ser acessível a todas as pessoas, inclusive com suas diferentes demandas de atendimento específico.
Desta forma, a verdadeira acessibilidade do surdo está intrinsicamente relacionada com a capacidade do tradutor em transmitir a mensagem de forma adequada. E aqui, a professora Mara reforça: “Quando o intérprete está presente, mas não consegue fazer a interpretação adequada, isso nada mais é do que uma falsa acessibilidade. O que garante a acessibilidade real é a preparação prévia. O que só é possível quando o profissional em Libras tem acesso aos conceitos e conteúdos antecipadamente.”
O que é necessário para o intérprete antes dele se colocar diante do público
Como vimos, a interpretação em Libras é uma demanda constante em todos os câmpus, principalmente em eventos institucionais e cerimônias formais. O que nem sempre fica evidente, é que por trás do trabalho destes profissionais da Libras, existe um intenso trabalho de preparação, anterior ao momento em que ele se coloca diante do público.
Sobre esse ponto, a servidora Cátia Dias Marques, que integra e organiza o atendimento das demandas da equipe de intérpretes do IFG Aparecida de Goiânia, explica que, quando o tema de uma aula ou de um evento faz parte do cotidiano do tradutor, o nível de complexidade é menor, haja vista que o estudo de termos técnicos específicos e conceitos requer menor tempo, não sendo necessário a produção do que eles chamam de glosa.
Por outro lado, quando se trata de uma aula ou uma palestra muito técnica, cujo conteúdo não é algo corriqueiro para o intérprete, o trabalho demanda um tempo grande de busca e compreensão, para que seja possível fazer uma tradução fidedigna.
Cátia complementa: “É preciso ter em mente que, além dos trabalhos de interpretação em reuniões semanais, em eventos pontuais e cerimônias formais, os especialistas em Libras do Câmpus Aparecida estão em sala de aula, todos os dias da semana, atendendo ao calendário letivo. Cada intérprete atua, por dia, em até 3 disciplinas diferentes. Um total de 13 disciplinas por semana, em média. E esse profissional precisa estudar para todas essas aulas, afim de oportunizar o melhor processo de ensino-aprendizagem ao aluno surdo.
Segundo os intérpretes do câmpus Aparecida, há ainda um trabalho que também é delicado e que poucos percebem, que é quando o tradutor precisa fazer a tradução libras/português em apresentações de trabalhos, seminários, pôsters, por exemplo. Quando isso ocorre, o interprete precisa estudar o material junto ao aluno surdo, para definir a melhor interpretação, e consequentemente o estudante não ter prejuízo em sua comunicação.
Objetivo do material de sensibilização sobre procedimentos de solicitação de interpretes
Toda essa explanação a respeito das diversas atividades dos intérpretes de Libras e de sua importância tem um objetivo único, que é a sensibilização da comunidade acadêmica a respeito da necessidade de se prever a presença desse profissional tradutor em cada atividade que disponibilize acesso a pessoas surdas, e, principalmente, como esse trabalho deve ser pensado com antecedência, para que seja possível oferecer a interpretação adequada para cada situação.
O material deixa bem evidente que, se você está pensando em agendar um serviço dos intérpretes de Libras da instituição, você precisa ter todo o seu conteúdo previamente preparado, como textos base de sua palestra, slides, vídeos a serem utilizados, e tudo isto precisa ser encaminhado juntamente à sua solicitação.
Segundo Cátia, para palestrantes de fora, por exemplo, é preciso que os intérpretes tenham acesso ao material da atividade com pelo menos 5 dias de antecedência. “Slides, textos de apoio, vídeos do próprio palestrante, tudo isso contribui para que a tradução seja fidedigna. Até o ritmo de fala, influencia na tradução”, diz a servidora.
O material de sensibilização
A equipe de intérpretes do IFG Aparecida de Goiânia preparou dois vídeos curtos e iniciais e uma pequena cartilha com os procedimentos adequados para a solicitação do trabalho de tradução/interpretação em Libras.
A produção destas orientações para a solicitação do serviço de tradução e interpretação em Libras/Português para atendimento de atividades acadêmico-científicas está baseada nas práticas das demais Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras.
Esse conteúdo pode ser acessado nos links abaixo, devendo ser usado em todas as circunstâncias em que forem necessários, inclusive quando houver convites para palestrantes externos.
Alguns prazos importantes referentes à equipe de intérpretes do Câmpus Aparecida de Goiânia:
Agendamento e envio de materiais para AULAS: 24h
Agendamento e envio de materiais para EVENTOS (IFG-Aparecida): 5 dias úteis
Tradução: gravação e edição de materiais em VÍDEOS: 10 dias úteis
Solicitação de intérpretes atividades EXTRAS CLASSE e REUNIÕES: 24H
Lembrando que o atendimento é feito apenas mediante agendamento e seguem os seguintes critérios:
- Prioridades do IFG Aparecida de Goiânia;
- Pedidos dentro dos prazos estipulados;
- Pedidos com explicações detalhadas sobre o tipo de interpretação necessária (tradução ou sinalização);
- Envio de material antecipado.
Para demandas internas do câmpus, servidores e estudantes devem preencher o formulário de solicitação, disponível em: https://bit.ly/3CCm8Xy
Para demandas externas ao câmpus, as solicitações devem ser feitas através do E-mail do gabinete: gabinete.aparecida@ifg.edu.br, com o assunto: “Solicitação de intérprete de LIBRAS”, contendo a data e horário de início e fim da atividade.
Mais importante: O agendamento não será realizado por meio de WhatsApp, nem por meio de contato direto com o intérprete de Libras, somente pelo e-mail.
ACESSE AQUI o manual com instruções sobre como solicitar o serviço de interpretação em Libras.
ACESSE AQUI o vídeo com os procedimentos para estudantes e servidores do câmpus.
ACESSE AQUI o vídeo com os procedimentos para palestrantes externos ao IFG.
Coordenação de Comunicação Social e Eventos / Câmpus Aparecida de Goiânia
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