“Meu coração tá lá dentro, minha cabeça tá lá dentro, nunca arredei o pé”
Essa foi uma das falas do ex-aluno e professor, Hélio Naves, ao se referir à Instituição a qual tanto se dedicou.
Faleceu ontem, dia 27 de novembro, o professor e empresário Hélio Naves, aos 95 anos. É impossível separar a história da nossa Instituição, hoje Instituto Federal de Goiás (IFG), da vida do professor Hélio Naves. Ex-aluno da antiga Escola Técnica de Goiânia (ETG), o professor dedicou parte de sua vida à Instituição, em diversos momentos. Além de aluno da ETG, foi diretor da Escola Técnica Federal de Goiás (ETFG), por dois mandatos, e conselheiro em algumas instâncias da Instituição, a exemplo do Consup (Conselho Superior do IFG), o órgão máximo da instituição.
A última visita do professor Hélio Naves ao IFG ocorreu em 7 de dezembro do ano passado, quando foi um dos ex-alunos que recebeu uma placa de homenagem da Instituição durante a solenidade de inauguração do restauro do Pórtico do Câmpus Goiânia, símbolo do batismo cultural.
O professor Hélio Naves sempre foi presença constante no IFG, Instituição da qual nunca se desvinculou por completo, contribuindo por décadas. Foi homenageado pelo IFG em outras ocasiões, sendo um dos indicados para receber a homenagem entregue na sessão especial , realizada em 24 de setembro de 2018 na Câmara Municipal de Goiânia.
“Fui professor, fui coordenador de curso, depois fui membro do Conselho de Representantes que era o órgão máximo da escola, depois fui a diretor. Fui diretor por dois períodos. Primeiro período de quatro anos, o segundo período de quatro anos, mas eu não conclui o segundo período de quatro anos na Escola Técnica Federal. Aí, nesse segundo período, eu me aposentei e sai da escola", disse o professor Hélio Naves, há quatro anos, em entrevista concedida ao IFG, como parte das ações de comemoração dos 75 anos do Câmpus Goiânia.
"Mas meu coração tá lá dentro, minha cabeça tá lá dentro, nunca arredei o pé. Ainda no Cefet, eu era conselheiro, terminou o Cefet e virou IF e eu continuo conselheiro até hoje lá e ainda não acabou” - Hélio Naves, em entrevista concedida em julho de 2017
Grêmio
Na entrevista, disponível no canal do YouTube do Câmpus Goiânia, Hélio Naves relembrou de quando foi aluno da Escola Técnica Federal de Goiânia: “Me matriculei como aluno e no meio do ano nós criamos o Grêmio. Eu fui presidente do Grêmio várias vezes. O Grêmio tinha jornal, tinha futebol, vôlei, era um espetáculo… tinha jornal, o ETG, … ah! tinha clube de oratória… Primeira turma, nós formamos em 46, Artífice em Mecânica de Máquinas, a minha turma. A outra turma tinha artes do couro, alfaiataria, marcenaria e carpintaria, tinha um leque muito grande”.
O Professor Hélio Naves foi um dos fundadores do Grêmio Lítero Teatral da Escola Técnica de Goiânia e a implantação do Grêmio consta da publicação nº 7.501, no dia 10 de novembro de 1956, do Diário Oficial do Estado de Goiás. Em 1º de maio de 1968 o Grêmio passou a denominar-se Grêmio Artístico e Esportivo da Escola Técnica Federal de Goiás (GAE). Conheça a história do Grêmio.
Trajetória na Instituição
Hélio Naves ingressou na ETG em 1943 e formou-se na primeira turma, em 1946, no curso técnico de Construção de Máquinas e Motores. Mas a história dele com a Instituição não terminou na formatura. Mais um capítulo teve início a partir daí, quando Hélio Naves tornou-se professor. Para chegar a professor, percorreu etapas que incluíram registro profissional e a realização de provas.
“Aí, depois de 49, (...) eu prestei concurso pra tirar prova de habilitação para conseguir registro no MEC como professor de desenho, porque faltava professor, e professor de mecânica porque não tinha também. Então prestei concurso e consegui o registro e fui lá para o Ministério fazer concurso para professor da escola. Eu já tinha os registros como professor. Corri, fiz, me candidatei para professor. Tinha vaga no Brasil inteiro. Fiz prova no Rio, primeiro fiz prova em Brasília e depois no Rio e terminei a parte prática de construção de máquinas em São Paulo. Passei! Em março de 50 eu fui nomeado. “Ó, cê pode tomar posse?”. Tomei posse. “Que dia que você vai entrar em exercício?” Agora! (risos). Aí entrei como professor. Em 18 de março de 50”, contou o professor Hélio Naves em entrevista.
Recordações
Outros fatos que Hélio Naves fez questão de recordar: “Tinha um professor pra mim que, na minha cabeça, ele era professor emérito a vida toda, professor Jorge Félix de Souza. É um nome conhecido por aqui, demais aqui. Ele foi o engenheiro que construiu o Teatro Goiânia. Aí esse cidadão me apelidou! “O Hélio Naves é o micrométrico”. Porque eu gosto das coisas (fez gesto de correto)”.
Conselhos aos estudantes
Sábio e experiente, Hélio Naves fez parte do grupo dos notáveis ex-alunos da Instituição: “Nós temos ministros, o Iris foi da Escola Técnica, nós temos desembargadores, temos engenheiros. Temos gente pra todo lado, nas mais altas profissões, que passaram pela Escola Técnica. Então nossa salvação é a Educação! Eu amo a Escola Técnica porque ela faz cidadãos conscientes, profissionais e tudo. Quando montei a primeira fábrica de transformadores, peguei gente da Escola Técnica”.
Para os jovens, Hélio Naves deixou conselhos importantes, para que aproveitem o ensino da Instituição: “Eu quero desejar para os jovens o seguinte. Não pense “eu vou passar” (...) Vai para estudar. Considera a sua profissão de estudante séria! Olha que eu usei profissão, porque eu sou estudante até hoje. Então, estude. Não tem outra coisa. Não tem outro conselho para dar. Seja um bom estudante que você será um ótimo profissional”.
Vasto currículo
Hélio Naves foi representante dos professores da Escola Técnica Federal de Goiás por vários mandatos e diretor da ETFG de 1979 a 1984. Também foi conselheiro atuante em instâncias da Instituição, por vários mandatos, e integrou a diretoria da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG). Atuou como diretor do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Goiás (Simelgo), além de ser empresário.
Hélio Naves era viúvo de Maria José Lisboa Naves, do primeiro casamento, com quem teve dois filhos: Hélio Naves Júnior e Maria Helena Lisboa Naves, ambos engenheiros. Era casado com Nilda de Sá. O velório foi realizado neste domingo, 28 de novembro, no cemitério Jardim das Palmeiras, com sepultamento no jazigo da família, no Cemitério Santana.
Diretoria de Comunicação Social com informações de entrevista do professor Hélio Naves e de notícias publicadas pelo Câmpus Goiânia e pela Reitoria.
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