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Estudo analisa qualidade da água do Córrego Tamanduá, em Aparecida de Goiânia

Pesquisa mostra os impactos das ações naturais e do homem em regiões do córrego que passam por parques públicos

  • Publicado: Quarta, 24 de Abril de 2019, 09h54
  • Última atualização em Sábado, 18 de Maio de 2019, 00h21
Amostras para estudo foram coletadas na nascente do córrego e nos trechos na região do Parque da Criança e do Parque Ecológico Municipal do Tamanduá
Amostras para estudo foram coletadas na nascente do córrego e nos trechos na região do Parque da Criança e do Parque Ecológico Municipal do Tamanduá

Pesquisa desenvolvida pela discente egressa do curso de Engenharia Civil do Câmpus Goiânia, Débora Pereira da Silva, sob orientação do professor Douglas Pereira da Silva Pitaluga do Câmpus Goiânia do Instituto Federal de Goiás (IFG) e em parceria com o professor da Escola de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Federal de Goiás (UFG), Paulo Sérgio Scalize, revela os impactos que as ações do homem e de fenômenos naturais têm acarretado à qualidade da água do córrego Tamanduá, localizado em Aparecida de Goiânia. O estudo também contou com a participação do Hebert Oliveira Santos, mestrando do Programa de Pós-Graduação em Geotecnia, Estruturas e Construção Civil da UFG. A pesquisa foi desenvolvida por meio de análises de amostras coletadas em três pontos principais do córrego durante os períodos de estiagem e chuvoso em 2017 e 2018.

Segundo o professor do Câmpus Goiânia, a pesquisa foi motivada devido à existência de parques públicos urbanos na região do córrego, como o Parque Ecológico Municipal Tamanduá e o Parque da Criança, utilizados pela comunidade local para atividades de lazer e irrigação de hortaliças. “Por isso, foram analisados os parâmetros de qualidade da água com relação aos valores estabelecidos na Resolução do Conama nº 357 (Brasil, 2005), que dispõe sobre a regulação da qualidade de água de superfície em corpos hídricos e estabelece requisitos de descarga e efluentes, e nº 274 (Brasil, 2000) que define as condições de uso da água de superfície para atividades recreativas de contato direto”, explica. 

Para realizar a pesquisa, foi adotado Índice de Qualidade de Água de Bascarán (IQA Bascarán) que, conforme justifica Douglas, permite a flexibilidade na inserção ou exclusão de variáveis em função dos equipamentos disponíveis nos laboratórios utilizados para a caracterização da água, facilitando assim o seu uso e a compreensão pela sociedade.

 

Resultados

O estudo permitiu concluir que a qualidade da água do Córrego Tamanduá, de acordo com análises tendo como método o IQA Bascarán, apresenta variação sazonal, verificando sua deterioração no período chuvoso. Conforme os resultados obtidos em laboratório, a água do manancial é imprópria para o uso preponderante como irrigação de hortaliças e especialmente consumo humano, sem tratamento prévio. Isso porque parâmetros como pH, cor aparente e oxigênio dissolvido não atendem aos limites estabelecidos pela Resolução Conama nº 357 de 2005 para corpos de água doce.

Já com relação à Resolução do Conama nº 274 de 2000, a qualidade da água do córrego é compatível para atividades de recreação de contato primário, sendo classificada como excelente para esta finalidade.

Para a pesquisa, foram realizadas seis coletas no período de estiagem em Goiás – duas em julho, duas em agosto e outras duas em outubro de 2017 – e quatro durante a época chuvosa – duas em novembro de 2017, uma em janeiro e outra em fevereiro de 2018. Na análise, o mês de outubro foi considerado de seca devido à decorrência de altura pluviométrica de 51 mm, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia. As amostras foram coletadas em três pontos específicos da bacia hidrográfica do Tamanduá, sendo elas: nascente e nos pontos onde o córrego passa pelo Parque Ecológico Municipal do Tamanduá e Parque da Criança.

As análises foram realizadas conforme métodos estabelecidos pelo Standard Methods for examination of water and wastewater, guia de análises técnicas para determinação da qualidade de água utilizado em diversas pesquisas desde 1905. Os parâmetros analisados foram: turbidez e cor aparente da água; condutividade elétrica; sólidos dissolvidos totais; pH; gás carbônico livre; oxigênio dissolvido; alcalinidade; cloreto e coliformes totais; além da temperatura da água, coliformes termotolerantes e bactérias heterotróficas.

Dentre as amostras estudadas, todas ficaram entre quatro faixas: desagradável, imprópria, normal e aceitável. Os valores obtidos na nascente do córrego apresentaram-se na faixa normal e superior ao IQA Bascarán nos demais pontos. Na região do Parque Ecológico Municipal do Tamanduá, a pesquisa observou que 40% dos resultados apresentaram aspecto aceitável, 20% normal, 30% de aspecto impróprio e 10% de aspecto desagradável. Já no trecho do Parque da Criança, 20% das amostras apresentaram aspecto aceitável, 50% aspecto normal, 20% tiveram aspecto impróprio e 10% revelaram aspecto desagradável.

A pesquisa revela também que, comparando os períodos de estiagem e de chuva, as amostras coletadas nos meses chuvosos mostraram aspectos inferiores. A constatação, segundo o estudo, deve-se à sazonalidade e à ampliação da vazão, já que as chuvas levam para o curso d’água poluentes associados às partículas.

Dentre os parâmetros utilizados para obtenção do IQA Bascarán, a turbidez, o oxigênio dissolvido e os coliformes totais (grupo de bactéricas associadas à decomposição da matéria orgânica) foram determinantes na diminuição da qualidade da água. Em relação à turbidez, essa pode ser causada por origem natural, como partículas de rocha, silte e argila, ou por despejos domésticos, industriais, microrganismos e erosão. Além disso, o estudo aponta que a turbidez pode estar associada ainda aos coliformes totais, que indicam contaminação por meio de fezes de animais de sangue quente e também são encontrados de forma natural no solo e na vegetação.

Com relação aos valores de pH da água, a pesquisa constata sua redução nas regiões dos parques públicos, no período chuvoso, e verifica sua ampliação no decorrer da bacia do córrego. Segundo a pesquisa, isso pode estar relacionado ao lançamento de efluentes domésticos e ao processo de aeração, que consiste na incorporação de gás carbônico na água, cuja reação com esses compostos dá origem a carbonatos e bicarbonatos.

No período analisado, os parâmetros sólidos dissolvidos totais, condutividade elétrica e cloreto apresentaram valores de média harmônica superior no trecho do córrego na região do Parque Ecológico Municipal do Tamanduá em relação às amostras coletadas no Parque da Criança, que possui maior proximidade aos pontos de lançamento de redes de drenagem urbana e pequena vazão, sugerindo assim, lançamentos clandestinos de efluentes domésticos, conforme constataram os pesquisadores.

Já com relação à temperatura do córrego, a pesquisa aponta registros de 23,7 a 27,7°C durante a estiagem e de 24,1 a 24,4°C nos períodos de chuva. Com relação ao oxigênio dissolvido, apenas as amostras coletadas no período chuvoso, no trecho do Parque da Criança, ficaram em desconformidade com os limites estabelecidos pela legislação.

O estudo, realizado pelo IFG em parceria com a UFG foi publicado no volume 8 da Open Engineering, revista científica europeia que engloba áreas da Engenharia, incluindo Engenharia Elétrica, Civil, Ambiental, Mecânica, Aeroespacial, dentre outras.

 


Coordenação de Comunicação Social do Câmpus Goiânia

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