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Encontro de Culturas Negras

Importância da resistência e da ancestralidade marca a abertura do 6° Encontro de Culturas Negras

Publicado: Sexta, 13 de Dezembro de 2024, 18h01 | Última atualização em Sexta, 13 de Dezembro de 2024, 18h13

Evento, que começou na quinta-feira, termina neste sábado, 14 

Com o tema central "O começo, o meio e o começo: resistência e ancestralidade", o Instituto Federal de Goiás (IFG) iniciou nesta quinta-feira, 12, a sexta edição do Encontro de Culturas Negras
Com o tema central "O começo, o meio e o começo: resistência e ancestralidade", o Instituto Federal de Goiás (IFG) iniciou nesta quinta-feira, 12, a sexta edição do Encontro de Culturas Negras

 

Com o tema central "O começo, o meio e o começo: resistência e ancestralidade", o Instituto Federal de Goiás (IFG) iniciou nesta quinta-feira, 12, a sexta edição do Encontro de Culturas Negras. O evento que acontece no Câmpus Uruaçu iniciou mais um ciclo com uma programação diversificada, incluindo conferências, mesas-redondas, rodas de conversas, oficinas e muitas atividades artísticas e culturais.

A solenidade de abertura foi realizada na noite desta quinta-feira. Compuseram a mesa diretiva da cerimônia a reitora do IFG, professora Oneida Barcelos Irigon; a diretora-geral do Câmpus Uruaçu, Andreia Alves do Prado; o diretor de Ações Sociais do IFG, substituindo o pró-reitor de Extensão, professor Fernando Henrique Carneiro; a coordenadora-geral do evento e presidente da Comissão Permanente de Políticas de Promoção da Igualdade Étnico-Racial (CPPIR) do IFG, Marciella Silveira de Carvalho; e o deputado estadual de Goiás, Mauro Rubem. 

Participaram também da solenidade os pró-reitores de Desenvolvimento Institucional e Recursos Humanos, Sandra Abadia Ferreira; e de Administração, Diego Xavier; além dos diretores-gerais dos câmpus Goiânia, Adriana Ferreira; Cidade de Goiás, Sandro de Lima; Inhumas, Luciano dos Santos; e Valparaíso de Goiás, Reginaldo Dias dos Santos, além de servidores, estudantes da Instituição e membros da comunidade externa.  

 

Um convite para refletir e celebrar 

Em sua fala, a reitora do IFG, professora Oneida Irigon, destacou a importância da realização do Encontro de Culturas Negras para a Instituição. Segundo ela, “esses momentos se consolidam como pilares na construção de um espaço de reflexão, celebração e fortalecimento do compromisso com a justiça racial e social”. 

Oneida ressaltou que “o tema que norteia essa edição do evento nos desafia a compreender que a história não é linear, mas cíclica, tecida pelos fios da ancestralidade, da luta e da resiliência”. Como destacou a gestora, “inspirados por legados como o de Nego Bispo, somos convidados a olhar para o passado não como um fim, mas como o princípio de novas possibilidades de construção de um presente e de um futuro mais equitativo”.

 

Reitora do IFG discursa na abertura do VI Encontro de Culturas Negras

 

Oneida destacou ainda que o evento “nos convida também a refletir sobre as práticas institucionais e sociais que ainda perpetuam desigualdades. Ao longo da história, as contribuições de populações negras e quilombolas foram inúmeras vezes invisibilizadas.  Por isso, a realização deste encontro é fundamental para reconhecer e valorizar as riquezas das culturas negras e promover formação e propiciar debates e reflexões sobre o combate ao racismo e a busca por equidade”. 

Falando do IFG, a reitora pontuou: “enquanto instituição pública de ensino, ciência e tecnologia e cultura, o IFG reafirma seu compromisso com a transformação social e com a valorização da diversidade. Esse compromisso se reflete em ações como a adoção de políticas afirmativas, a criação das Comissões Permanentes de Promoção da Igualdade Étnico-Racial, os Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros, Indígenas de Gênero e Sexualidade, que ainda precisamos criar em todos os câmpus e fortalecer os já existentes) e a realização de eventos que celebram e promovem as culturas negras, sempre com o foco na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva”. 

 

Resistência e ancestralidade

Andreia Alves, diretora do Câmpus Uruaçu, iniciou sua fala se referindo à poesia “Fogo”, do homenageado desta edição do Encontro, o poeta Antônio Bispo dos Santos. Em seu discurso, a gestora destacou a importância das trajetórias e ancestralidade: “nossas trajetórias nos movem, nossa ancestralidade nos guia. Foi nesse movimento e guiados por nossos ancestrais que o Encontro de Culturas Negras, na sua sexta edição, foi sonhado, organizado e agora se concretiza”.

 

Andreia Alves, diretora do Câmpus Uruaçu, durante a solenidade de abertura

 

Andreia ressaltou que, “após dez anos de existência do Encontro e de seis edições, cada dia percebemos como ele é importante e necessário para nossa Instituição e para a comunidade goiana”. Refletindo sobre o racismo estrutural e institucional, a docente afirmou: “ele se revela em pequenas ações, que por muitas vezes não é percebido por quem sofre a agressão”. E continuou: “se defendemos uma instituição antirracista, isso precisa estar em todas as esferas institucionais”. 

Andreia finalizou o seu discurso reiterando: “mesmo que queimem a escrita, não queimarão a oralidade. Mesmo que queimem os símbolos, não queimarão os significados. Mesmo queimando o nosso povo, não queimarão a ancestralidade”. 

Fernando Henrique, diretor de Ações Sociais do IFG, durante a solenidade destacou que o Encontro “é um momento que carrega a força de nossas origens e o compromisso com o futuro”. Reafirmando a importância da temática do evento “inspirada pelos ensinamentos de Nego Bispo”, Fernando ressaltou que “ela nos convida a compreender que nossa história não é linear, mas cíclica, tecida por memórias, lutas, resistência e esperanças”. 

Referindo-se aos compromissos do IFG com a promoção da igualdade racial, o respeito à diversidade e o fortalecimento das políticas antirracistas, o docente afirmou: “é com orgulho que menciono projetos de extensão que conectam nossas unidades às comunidades negras e quilombolas em nosso estado, trocando saberes, colhendo experiências e promovendo transformações”. Para ele, “essas ações não são apenas projetos, mas instrumentos de resistência e mudança. Elas traduzem a ideia de que, como nos lembra Angela Davis, numa sociedade racista, não basta não ser racista. É preciso ser antirracista’”. 

Reconhecendo os desafios, o gestor pontuou a necessidade de “honrar nossas ancestralidades e transformar o presente, para que as gerações futuras possam viver em uma sociedade mais igualitária e justa". 

Marciella Carvalho, coordenadora-geral do evento, durante a abertura do Encontro de Culturas Negras

 

Marciella Carvalho, coordenadora-geral do evento e coordenadora da CPPIR do IFG, destacou a importância desse momento de celebração que é o Encontro de Culturas Negras: “esse é um momento de celebrar nossa resistência, nossa cultura, a cultura do povo negro, a cultura do povo indígena”. Marciella falou também sobre a concepção do evento: “o Encontro foi pensado para falar de nossas potencialidades. Temos que reconhecer que somos um povo muito potente”. Durante seu discurso, ela apresentou homenagens feitas por estudantes e pela comunidade externa a servidores do IFG que se destacam no campo de atuação relacionado à pauta antirracista presente na Instituição.

Durante a solenidade, foi lida também a Carta de Uruaçu, um documento que reafirma o compromisso da comunidade acadêmica do IFG com a superação das desigualdades raciais. A Carta foi lida pela professora Paula de Almeida, do Câmpus Luziânia do IFG. Acesse aqui.

Após a solenidade de abertura, foi realizado o show com o grupo “Terra Cabula”. O grupo foi criado a partir de pesquisas de longa data acerca das manifestações culturais afro-brasileiras, com o intuito de resgatar ritmos e sonoridades presentes na relação Brasil-África.

 

Show com o grupo Tabula durante o Encontro de Culturas Negras 

 

Primeiras atividades: Formação Quilombola

Durante o primeiro dia do evento, foram realizadas diversas atividades no Câmpus Uruaçu. O evento teve início com o palco aberto, que contou com a DJ Iara Kevene. Ao longo do dia o público pôde acompanhar a exposição “O Trapiche”, da professora Janice Gomes; as oficinas de Dança de Tambor, com o grupo Tambor Raiz Tradição, da Comunidade Quilombola João Borges Vieira); a oficina de Capoeira, com Alexandre Tição; e a oficina Descolonizar o Ori com Maria Jardim Black (Pretas de Angola). 

No auditório Elizete Soares de Sena, foi realizada a mesa de abertura do evento com o tema “PNEERQ - Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola, com Eduardo Fernandes, da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi/MEC); Cecília Vieira, do Grupo de Estudos “Geninhas”, e Grasielle França, professora Quilombola de Uruaçu. A mediação foi feita pela coordenadora-geral do evento, Marciella Carvalho (CPPIR-IFG). Os convidados presentes puderam dialogar sobre essa Política lançada pelo Governo Federal em maio de 2024. 

 

 

Mesa de abertura sobre a PNEERQ é realizada no Câmpus Uruaçu 

Uma coincidência importante é que no mesmo dia dessa mesa de abertura foi divulgado que o IFG é uma das instituições participantes que ofertará o curso de extensão “Formação para Docência e Gestão em Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola”. O curso é uma iniciativa da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão/Diretoria de Políticas de Educação Étnico-Racial e Educação Escolar Quilombola, do Ministério da Educação; da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior/Diretoria de Educação a Distância; e da Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ).  

O curso de Formação em Educação Para as Relações Étnico Raciais e Educação Quilombola, destina-se aos professores da Educação Básica em exercício nas redes municipais, estadual e federal de ensino do estado de Goiás. A formação é uma ação do Eixo 03 da Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola – PNEERQ, instituída pela Portaria nº 470, de 14 de maio de 2024, e visa fomentar o letramento racial de profissionais que atuam na Educação Básica, além de promover o desenvolvimento de conhecimentos, saberes e práticas pedagógicas que valorizem tradições, culturas e línguas ancestrais ligadas à presença negra e quilombola. Saiba mais aqui.

 

Inscrições e programação

O Encontro de Culturas Negras continua até sábado, 14. Para aqueles que desejarem se inscrever nas atividades, as inscrições podem ser realizadas via Sugep (https://sugep.ifg.edu.br/eventos/#). Elas são obrigatórias para os participantes que tenham interesse em receber certificado. O evento é aberto a toda a comunidade.


Confira a programação dos próximos dois dias de evento.

Veja algumas fotos do evento no Facebook.

 

 

Diretoria de Comunicação Social/Reitoria.

 

 

 

 

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