Evento promoveu reflexão sobre a influência cultural da Art Déco entre as décadas de 1920 a 1940
Mostra de cinema e palestras sobre literatura e arquitetura revelaram ao público como o movimento artístico serviu de referência para a formação da identidade goianiense
O período vespertino do Goiânia Art Déco Festival nesta sexta-feira, 25, no IFG – Câmpus Goiânia foi de reflexão sobre como esse movimento artístico, que surgiu na década de 1920, impactou diversas áreas da cultura brasileira, especialmente em Goiânia. Um exemplo disso foi visto durante o Cine Déco, mostra de cinema que reuniu obras de cineastas goianos que trabalham a questão do patrimônio Art Déco existente na capital. A atividade foi realizada no Teatro do IFG e teve curadoria de Lucinete Moraes e Anna Campos, da empresa de audiovisual Luppa.
Dentre os curtas apresentados estava o documentário Você conhece o lado das Rosas? Em cada tempo um modo de viver o lago, produzido por doutorandos da Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás (FAV-UFG). A professora Maria Alice de Sousa Carvalho Rocha, da UFG, esteve presente durante a exibição e conversou com o público sobre a importância de se conhecer as riquezas culturais que Goiânia oferece em relação à Art Déco e sobre como o papel das escolas é importante para reforçar o valor à história do patrimônio goiano.
Também foram exibidos os filmes Minha casa é o parque e Julie, Agosto, Setembro, da Panaceia Filmes, que traz um olhar de uma jovem suíça sobre Goiânia e que usa os pontos turísticos e símbolos da Art Déco da capital como background da história.
Quem conferiu a mostra foi o aposentado Waldemar Batista de Carvalho. Ele foi aluno da Escola Técnica de Goiânia, em 1945, e teve a oportunidade de retornar ao seu antigo local de estudos, hoje Instituto Federal de Goiás – Câmpus Goiânia. Acompanhado da filha, a professora Maria Alice de Sousa Carvalho Rocha, seu Waldemar contou que muita coisa mudou na estrutura de sua época para cá. “Só a fachada, essa parte da frente, que quase não mudou nada”, contou.
A parte à qual seu Waldemar se refere é justamente uma das partes tombadas como bem público integrante do acervo Art Déco de Goiânia. Além do bloco 100, onde está localizada a fachada do Câmpus Goiânia, foram tombados o bloco 200, Teatro e o pórtico alusivo ao Batismo Cultural da capital.
A visita do ex-aluno rendeu lembranças daquela época, como suas aulas de mecânica industrial e serralheria, a saudade dos colegas de sala e dos professores da antiga Escola Técnica de Goiânia.
Além das obras cinematográficas, a programação do festival mostrou o impacto da Art Déco na literatura regional. Um panorama literário foi mostrado pelas palestrantes Maria de Fátima Gonçalves Lima e Elisabeth Abreu Caldeira Brito. A atividade trouxe informações sobre os primórdios da literatura em Goiás, passando pela expansão do estado, até chegar no nascimento e estruturação de Goiânia, com suas curvas modernas advindas do movimento Art Déco.
Influência e preservação
A palestrante da noite desta sexta-feira, 25, Adriana Elvira Piastrellini veio diretamente de Buenos Aires para compartilhar informações sobre projetos Art Déco na América Latina com o público do festival, no IFG – Câmpus Goiânia. Para ela, a importância do movimento artístico está justamente em sua expressividade que influenciou desde a arquitetura às demais áreas, passando pela música, pelo design industrial e de interiores, transporte, literatura, gastronomia, entre outras.
Adriana, que é fundadora e presidente da Associação Art Déco da Argentina e membro da Confederação Internacional de Sociedade Art Déco (ICADS), coordena projetos de preservação do estilo em Buenos Aires, vinculados à sustentabilidade e inovação tecnológica. Ela, que ministrou a palestra Art Déco nas América, defende a importância de se preservar não apenas o patrimônio urbanístico relacionado ao movimento artístico, mas tudo o que, de certa forma, foi influenciado pela Art Déco.
“É preciso pensar em inovação tecnológica e na sustentabilidade para que este patrimônio se converta não apenas em registro do passado, mas para a preservação da identidade das pessoas”, enfatiza. “Pequenas arquiteturas são símbolos de uma sociedade. Por isso, é importante estudar como devemos fazer projetos que gerem recursos necessários para sustentar esse patrimônio”, acrescenta a arquiteta.
Para ela, um dos principais objetivos de iniciativas como a do festival é justamente mobilizar a sociedade, poder público e iniciativa privada para que, juntos, possam trabalhar de forma eficaz para a preservação do patrimônio Art Déco, como forma de preservar a história e garantir o futuro da identidade das nações.
É nesta perspectiva que pensa também a professora do Câmpus Goiânia e coordenadora de Eventos da unidade, Gleice Alves de Sousa, responsável por trazer o Goiânia Art Déco Festival para o IFG. Para ela a iniciativa do evento é importante para resgatar o valor histórico Art Déco na capital e, principalmente, no IFG – Câmpus Goiânia. Além disso, ela destaca a necessidade de dar visibilidade a esse patrimônio, para que autoridades tomem as providências cabíveis para sua revitalização.
Já para o idealizador do festival, Gutto Lemes, a ideia é promover de forma positiva a capital goiana, buscando sua revitalização. Após uma temporada na Europa, ele retornou a Goiânia no momento em que se discutiam o tombamento dos prédios Art Déco em Goiás. “E assim comecei a pensar em um projeto de promover a cidade de Goiânia. De lá para cá, fiz um roteiro inédito junto aos prédios tombados Art Déco de Goiânia, fiz também seminário sobre Art Déco, audiência pública na Câmara Municipal, passeio de bike. Então juntei tudo isso e por quê não fazer um grande festival, tendo a possibilidade de que outras pessoas pudessem agregar dentro dessa questão de revitalização e promoção da nossa cidade. Uma forma da nossa cidade ser exposta de uma maneira positiva”, conclui Gutto.
Programação
O Goiânia Art Déco Festival continua neste sábado, dia 26 de maio, no Câmpus Goiânia, com diversas atrações gratuitas. A partir das 8 horas, o público poderá conferir exposições fotográfica e de desenhos no foyer do Teatro do IFG - Câmpus Goiânia.
Às 9 horas, será realizada a oficina de confeitaria, com chef Guilherme Conrad, no Laboratório Gastronômico do câmpus. Já às 14 horas, o mestre cervejeiro Edmilson Silva comanda oficina de cerveja, também no mesmo laboratório.
Ainda no período vespertino ocorrerá a exposição do Clube de Veículos Antigos de Goiás, a partir das 13 horas, no estacionamento do câmpus. O público poderá conferir mais de 10 exemplares de carros das décadas de 1920 a 1970, dentre eles, os famosos Fordinhos.
Haverá também apresentação cultural do grupo de chorinho do IFG, às 16 horas. E ao final do evento no dia 26, às 17 horas, os organizadores firmarão um Protocolo de Intenções, no Teatro do IFG – Câmpus Goiânia.
Para saber mais, acesse a programação do evento.
Confira como foram as atividades no período matutino no IFG – Câmpus Goiânia.
Acesse o álbum do evento no facebook do Câmpus Goiânia.
Coordenação de Comunicação Social do Câmpus Goiânia.
Redes Sociais