Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos de São João D'Aliança é objeto de pesquisa de graduanda do Câmpus Formosa
Estudo realizado por meio do Pibic analisou o impacto e a importância de políticas públicas na qualidade de vida dos idosos
Participar de aulas de artesanato ou fazer atividades físicas podem ser tarefas corriqueiras e ocasionais quando executadas pela maioria das pessoas, geralmente crianças e jovens. Entretanto, para uma parcela da população, os idosos, participar destas atividades é fundamenal e significa cuidar da saúde e do bem-estar com afinco. Em razão disso, a estudante de Licenciatura em Ciências Sociais, Abigail da Costa Faria, do Câmpus Formosa do Instituto Federal de Goiás (IFG), resolveu, entre 2021 e 2022, analisar uma política pública aplicada na cidade em que mora, São João D'Aliança, município goiano localizado a 113 Km de Formosa. A localidade oferece o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) a um grupo de 38 idosos, em sua grande maioria, mulheres.
A estudante do IFG participou do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), com o projeto de pesquisa "Grupo de Idosos(as) vinculado ao Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos na cidade de São João D’Aliança – Goiás: o estudo de uma política social que resiste", orientado pela professora do Câmpus Formosa, Kaithy das Chagas Oliveira, e co-orientado pela assistente social do Câmpus Formosa, Paula Gonçalves Rezende dos Santos. Para isso, a graduanda recebeu bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
A proximidade e a curiosidade em relação a questões ligadas aos idosos influenciaram a escolha do tema. Abigail mantém pleno convívio com os dois avós maternos e a avó paterna, também de São João D'Aliança, e conta que passou muitas tardes na companhia deles, ouvindo histórias. "O mundo no passado era particularmente diferente e eu sempre fui curiosa sobre isso", declarou. O relacionamento "é de muito afeto: troco livros com meu avô e aprendo de plantas medicinais com a minha avó", que também participa da ginástica ofertada ao grupo, na cidade.
No entanto, nem todos os idosos recebem carinho e atendimento, como os avós de Abigail. Uma boa parcela desta população de 31,2 milhões de idosos no Brasil, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), precisa da assistência social proporcionada por políticas públicas devido à situação de vulnerabilidade social e isolamento em que vivem. Este fato somado ao desejo de pesquisar sobre sua cidade fizeram com que ela e a orientadora definissem o tema. "Conversei muito com a minha orientadora e a gente acabou chegando a este grupo específico, que tem tudo a ver com a minha área", informou.
Pesquisa
O estudo teve início no período pandêmico da Covid-19, em agosto de 2021, e foi concluído um ano depois, quando o isolamento social já não era mais obrigatório. De modo geral, o objetivo era investigar o impacto desta política de proteção social no grupo de idosos participantes do SCFV de São João D'Aliança.
Utilizando o método qualitativo, Abigail analisou de perto o serviço social ofertado no período pandêmico, acompanhando as usuárias e usuários que faziam oficinas de artesanato, alongamento e rodas de conversa sobre participação, direito de ser e convivência social, por meio de aplicativos de celular e computadores, na pandemia. Em datas comemorativas, conta a pesquisadora, "a equipe de facilitadores e orientadora social realizava visitas restritas ao portão da casa das participantes, onde levava lembrancinhas e fazia provocações por meio de diálogo para manter o vínculo", explicou.
O resultado da pesquisa comprovou a importância da efetividade de programas de assistência social na vida dos menos assistidos. "Fiz trabalho de campo, acompanhando a tratatividade com as usuárias, conversei com elas e, a partir disso, cheguei ao resultado que a política funcionava, que o grupo funcionava muito bem, mas que os serviços ofertados estavam sendo afetados pela falta de verba, de financiamento governamental", concluiu.
Hoje, visitando o local, a estudante de Ciências Sociais conta que é possível observar uma melhora nos serviços prestados e um engajamento maior dos participantes. "Voltando lá agora percebo que está muito melhor do que quando estava no período da pandemia e retorno dela, porque era o caos de ter passado muito tempo sem estar presencialmente e sem recursos para organizar as oficinas", relatou.
Para Agma Dias Honorato, de 65 anos, que participa atualmente de todas as atividades ofertadas pelo Serviço de Convivência, o grupo é um momento para socializar e faz a diferença em sua vida. "Para mim não tem coisa melhor, a melhor coisa que apareceu na minha vida foram estes programas. Eu era uma pessoa isolada, frustrada. Para mim, me ajudou muito ", disse a aposentada, que se diz mais entrosada com as amigas da turma. Ela participa sempre que pode e está no grupo há seis anos.
Tem Ciência no IFG!
Abigail da Costa Faria faz parte do grupo de estudantes pesquisadores do Câmpus Formosa entrevistado para a realização do projeto Tem Ciência no IFG!, da Coordenação de Comunicação Social e da Gerência de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão. Ela vê na iniciação científica uma possibilidade de ampliar o conhecimento e abrir portas para o futuro. "Acho que foi muito positivo, uma realização para mim, porque foi uma oportunidade de colocar em prática os métodos que a gente aprende durante a graduação. É a oportunidade de contribuir para o futuro, quem sabe uma pós-graduação, um mestrado na área de pesquisa em ciências sociais", finalizou.
Assista à entrevista de Abigail, concedida à equipe do Tem Ciência no IFG!, no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=kofVNlD4EOc
*Imagens: CCS e Arquivo Pessoal - Abigail da Costa Faria
Coordenação de Comunicação Social/Câmpus Formosa
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