Pesquisa do Câmpus Formosa tem impacto decisivo em ação do Ministério Público
Bianca Oliveira, engenheira civil egressa do Câmpus Formosa, foi homenageada com o título de Cidadã Formosense por estudo sobre córrego
Há cerca de um ano, um projeto de pesquisa desenvolvido no Câmpus Formosa do Instituto Federal de Goiás (IFG) ganhou grande visibilidade no município. Debatia-se o impacto para a comunidade e meio ambiente local das obras de canalização do Córrego Josefa Gomes, que atravessa o centro de Formosa e deságua na Lagoa Feia. A pesquisa "Avaliação das condições do sistema de macrodrenagem no Córrego Josefa Gomes da cidade de Formosa - GO" foi decisiva para a suspensão das obras do córrego pelo Ministério Público (MP) de Formosa. No último mês de maio, o Tribunal de Justiça de Goiás manteve a suspensão.
Na época, a aluna egressa do curso de Bacharelado em Engenharia Civil do Câmpus Formosa, Bianca de Souza Oliveira, autora da pesquisa, foi tomada de surpresa ao receber um telefonema do seu ex-professor do Câmpus e orientador do estudo, Bruno Quirino Leal, convidando a pesquisadora para participar de uma audiência pública promovida pelo Ministério Público. O tema da audiência fez parte do seu objeto de estudo e, apesar do receio momentâneo, a engenheira aceitou contribuir com seu parecer técnico. "Já tinha um tempo que eu tinha me formado, já havia quase dois anos e de repente o meu professor pede para eu participar de uma audiência pública. O meu trabalho estava tendo uma visibilidade que eu não imaginava, sendo utilizado em nível municipal, e aí veio um frio na barriga", assumiu Bianca.
Mesmo com o "frio na barriga", Bianca não perdeu de vista a consciência de que o seu estudo tinha um peso importante nos rumos que a cidade adotaria dali para a frente, em questões urbanas e ambientais. Ela participou da audiência realizada na II Semana Nacional do Meio Ambiente do IFG, no Câmpus Formosa, e da audiência convocada pelo MP de Formosa, no auditório da Prefeitura, momento em que explicou os resultados do seu trabalho a todas as autoridades da área presentes. Logo depois, seu estudo foi utilizado como fonte de informação para que o MP suspendesse o início das obras.
Em reconhecimento pela importância da sua pesquisa para a comunidade, ela recebeu das mãos da vereadora Delegada Fernanda uma moção honrosa com o título de Cidadã Formosense, em dezembro de 2022, em sessão especial da Câmara Legislativa de Formosa. O título marcou sua trajetória acadêmica e profissional. "A gente não imagina que vai ser algo que vai impactar lá na frente, que vai trazer uma visibilidade tão grande e, principalmente, que vai trazer algo de positivo para a comunidade", declarou a ex-aluna.
A pesquisa
Formosa, assim como outros municípios, sofre com inundações no período de chuvas. Em diálogo com o orientador do projeto, a ideia era estudar algo que contribuísse com a comunidade local. Por ser da área de hidráulica, o professor sugeriu a análise do Córrego Josefa Gomes. Simpatizando-se com o tema, Bianca disse que "teria muitas oportunidades de acessar várias disciplinas". Após extensa pesquisa bibliográfica sobre vários assuntos pertinentes, como topografia e hidrologia, foi feito o cálculo da demanda do canal, principalmente no período de chuvas, e sua capacidade, levando em conta a largura e altura da área.
O resultado comprovou a hipótese de que o canal é subdimensionado. "No início, ele atende. O problema de alagamento lá não é devido à dimensão do canal, mas no trecho final. Com pouco mais de 100 metros, ele deveria ser cinco vezes maior para suportar a quantidade de água que chega lá", afirmou.
"Você vai conseguir colocar em prática tudo o que aprendeu, vai aprender coisas que estão fora da rotina acadêmica, fora do escopo do curso e vai se desenvolver bastante", declara Bianca Oliveira, sobre o trabalho científico
Metodologia científica
Respeito pela ciência faz parte da sua formação e seguir a metodologia científica garante, segundo Bianca, a confiabilidade dos dados. A pesquisadora diz que "qualquer pessoa pode falar sobre qualquer assunto, desde que siga a metodologia científica, embasando as informações, trazendo dados, trazendo outras pessoas para avaliar aquele trabalho, para contribuir". Seguindo os passos da metodologia científica, "tivemos um trabalho confiável, com dados realmente confiáveis, que puderam mostrar que continuar a canalização não seria uma solução para a inundação", justificou.
A pesquisa mostrou que canalizar não era o caminho. Segundo Bianca, "o canal já é muito pequeno. Não fazer nenhuma intervenção no canal já existente, nenhuma intervenção na área de contribuição e tentar jogar o problema para a frente, só agravaria, somaria o problema que já existe com o problema de todo o percurso", ressaltou.
Tem Ciência no IFG!
A engenheira Civil Bianca de Souza Oliveira participou do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), sob orientação do professor Bruno Quirino Leal e co-orientação do professor João Batista Tavares Júnior, enquanto foi aluna do Câmpus Formosa. A egressa foi uma das entrevistadas pela equipe do projeto Tem Ciência no IFG!. Para ela, ter participado do Pibic foi uma grande oportunidade de aprendizado e de contribuição para a sociedade. "Este é o legal dos trabalhos que são voltados para a comunidade: a gente tem a oportunidade de contribuir, contribuir com o nosso vizinho, com pessoas que a gente não conhece e saber que onde a gente mora, a gente está fazendo a diferença", concluiu.
--> Assista à entrevista da Bianca no YouTube, concedida à equipe do Tem Ciência no IFG!: https://www.youtube.com/watch?v=49H7bLGxEi4
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*Imagens: CCS/Câmpus Formosa e assessoria da vereadora Delegada Fernanda
Coordenação de Comunicação Social/Câmpus Formosa
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