Conferência de abertura trata do racismo no contexto democrático
Professor Eduardo Oliveira chamou atenção para a necessidade de pensar a contradição que é o racismo no âmbito democrático
Antinomia, em sentido usual, significa contradição. E foi com a expressão “o racismo é uma antinomia da democracia” que o professor Eduardo David de Oliveira, da Universidade Federal da Bahia, definiu a prática racista no Brasil. A conferência na qual discutiu o tema "educação afro, democracia e desafios no Brasil contemporâneo” foi responsável por abrir oficialmente o III Encontro de Culturas Negras e o IV Seminário de Educação para as relações étnico-raciais do Instituto Federal de Goiás, realizado no Câmpus Uruaçu.
Antes da conferência do professor Eduardo, foi realizada a cerimônia de abertura do Encontro. Participaram da solenidade o reitor do IFG, professor Jerônimo Rodrigues da Silva; o pró-reitor de Extensão, Daniel Barbosa; a diretora do Câmpus Uruaçu, Andreia Alves do Prado; a presidente da comunidade quilombola João Borges Vieira e representante dos povos tradicionais de Goiás, Domingas Gouveia de Carvalho; e a professora Ádria Borges, uma das coordenadoras da Comissão Permanente de Implementação de Políticas de Igualdade Étnico-raciais (CPPIR) da Instituição. Durante a solenidade, Eliete Miranda fez uma apresentação bastante aplaudida de dança afro.
Além da comunidade acadêmica e da comunidade externa de Uruaçu, também estiveram presentes na cerimônia de abertura do evento os pró-reitores de Desenvolvimento Institucional, Amaury França Araújo; de Ensino, Oneida Irigon; de Pesquisa e Pós-Graduação, Écio Naves Duarte; os diretores dos câmpus Goiânia Oeste, Ubaldo Eleutério da Silva; Inhumas, Luciano dos Santos; e Valparaíso, João Marcos Bailão. Representando o prefeito da cidade de Uruaçu, esteve presente a secretária municipal de Educação, Claudineia Braz Teodoro.
Eliete Miranda durante sua apresentação de dança afro
Conferência
Chamando atenção para a prática antidemocrática que é o racismo, o professor Eduardo David ressaltou que “não pode haver democracia com a existência do racismo”. Segundo o professor, o racismo no país vem se configurando como um estado de exceção contínuo e permanente: “uma falha no interior da sociedade democrática. Algo que permanentemente nega os direitos fundamentais dos indivíduos.”
Eduardo David sustenta que o racismo é estético, em seu sentido mais primordial. Essa colocação, segundo o docente, "está ligada à sensibilidade, ligada ao modo como as pessoas apreendem as coisas". De acordo com o professor, para reverter a prática do racismo, é preciso estudá-lo e, nesse sentido, é essencial sensibilizar as pessoas afetiva, educativa e esteticamente. Além disso, é fundamental caminhar para uma democracia de inclusão e de percepção mais apurada e sensível do outro e de sua cultura: “As culturas negras são uma cultura de beleza e, para compreendê-las, é fundamental percebê-las em seu sentido mais sensível”.
Sem hierarquias
Ainda de acordo com o professor Eduardo David, é preciso pensar na cultura negra a partir do respeito às diferenças, a partir da valorização das particularidades e singularidades de cada um: “no reino da beleza, não há hierarquia. Na verdade, no reino da cultura, assim como no da beleza, há o estabelecimento das diferenças, há a necessidade de respeitar as singularidades”, ressaltou.
A partir dessa ideia de respeito às diferenças do outro e da importância da alteridade, o professor chamou atenção para a necessidade de afirmação radical da diferença. “Articular as diferenças e as estruturas sociais no âmbito democrático, a partir do respeito às diferenças é fundamental. É fato que muito foi conseguido nesse âmbito, mas ainda há muito a ser feito”, salientou.
Palestras e conversas
A programação do Encontro continua nesta sexta-feira com muitas rodas de conversa e palestras. Durante o período da manhã, serão realizadas duas mesas de diálogo: uma tratando das políticas de ensino no âmbito do ensino no IFG; e outra, tratando as instituições de ensino superior e a implementação das políticas de igualdade racial.
À tarde, além do minicurso sobre educação afrocentrada, será discutido o tema "tempo e espaço nas comunidades tradicionais". À noite será realizada uma conferência sobre cosmovisão africana no Brasil, com foco nos desafios à democracia e educação. Além das palestras, o público terá a chance de prestigiar várias oficinas, apresentações culturais e mostra de cinema afro.
Acesse aqui algumas fotos do Encontro de Culturas Negras.
Diretoria de Comunicação Social/ Reitoria.
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