Reflexões sobre a EJA marcam o dia no Planejamento Pedagógico do IFG Aparecida
Palestras com reconhecidas estudiosas do assunto e discussões com professores da modalidade foram realizadas nesta terça-feira, 11 de fevereiro
Reflexões sobre a Educação de Jovens e Adultos (EJA) marcaram o quarto dia da Semana de Planejamento Pedagógico do Câmpus Aparecida de Goiânia do IFG. A programação foi iniciada com a palestra “As Especificidades da EJA frente a Identidade dos IFs”, proferida pelas professoras Maria Margarida Machado (UFG) e Mad’Ana Desirée Ribeiro de Castro (IFG), estudiosas reconhecidas nacionalmente sobre essa modalidade de ensino. O período vespertino foi preenchido com reunião do colegiado dos cursos técnicos em Alimentos e em Modelagem do Vestuário, oferecidos no Câmpus Aparecida de Goiânia na modalidade EJA integrada ao Ensino Médio.
A importância de se conhecer o processo histórico da educação no Brasil foi destacada como fundamental pelas palestrantes para pensar a Educação de Jovens e Adultos e trabalhar com os seus sujeitos. A professora Maria Margarida Machado enalteceu o Instituto Federal de Goiás por ser uma instituição diferenciada para o ensino de jovens e adultos trabalhadores. “Vocês têm um ponto de partida diferente”, afirmou, ao referir-se ao fato de os institutos federais serem, em sua essência, instituições públicas para a formação de trabalhadores que não visam meramente a certificar o aluno, mas preocupam-se com a sua formação.
Maria Margarida Machado apresentou um percurso histórico da educação de adultos no Brasil e dados estatísticos que mostram ser a inclusão uma questão de vontade política. Ela exibiu o crescimento do número de matrículas da EJA na rede federal no período de 2013 a 2018, relacionando-o à expansão da rede. Da mesma forma, as estatísticas apresentam o decréscimo de matrículas nessa modalidade após 2015. A professora ressaltou o desafio da escola de alcançar o enorme contingente de brasileiros ainda não alfabetizados ou que ainda não concluíram a educação básica, considerando que 52,6% dos brasileiros adultos não haviam concluído a educação básica no Brasil no ano de 2018. Ela chamou a atenção para a importância de a mobilização social ser uma tarefa de todos os trabalhadores da educação e não apenas dos diretores ou dos coordenadores de cursos.
Identidade
Em seu pronunciamento, a professora Mad’Ana Desirée Ribeiro de Castro destacou o histórico da educação profissional no Brasil e da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, ressaltando que o que nasceu há mais de um século como uma escola para “os desvalidos da sorte”, chegou a ser considerada na perspectiva do desenvolvimento econômico do país e atualmente é a possibilidade de uma formação integrada, emancipatória e contra-hegemônica. “Essa identidade dos institutos federais é uma contribuição fantástica na história do nosso país”, falou. A professora completou que nos institutos federais, o jovem e adulto trabalhador tem não somente o acesso, mas a educação em um patamar de formação para o trabalho e para a vida.
Mad’Ana relatou que ações realizadas no âmbito do Instituto Federal de Goiás possibilitaram resultados de destaque diferenciado em relação às estatísticas nacionais. Ela mostrou, por exemplo, que o IFG é o único instituto federal a superar a determinação legal (Decreto 5.840/06) de 10% das matrículas na EJA (o IFG alcança 13,6% de matrículas nessa modalidade e o índice nacional é de apenas 2,4%, segundo dados de 2018 na Plataforma Nilo Peçanha), além do fato de o IFG contar com disciplina relacionada à Educação de Jovens e Adultos em todos os cursos de licenciatura, oferecer auxílios aos estudantes sem que esses precisem disputar o benefício com estudantes de outras modalidades, realizou o 1º Encontro Nacional da Educação de Jovens e Adultos em 2018 e possui projetos de pesquisa na área, tendo tido, em 2019, lançamento de edital específico PIBIC-EJA. “Isso não caiu do céu. Foi mais de uma década investindo na EJA, pensando em romper com essa marca de exclusão na história da educação do nosso país”, destacou a professora.
Interação
A ação contou com interação do público, que participou com perguntas e relatos. Conduziram a mesa de discussões, os coordenadores dos cursos técnicos integrados ao Ensino Médio na modalidade EJA do Câmpus Aparecida de Goiânia do IFG, professores Yane Ondina de Almeida (Modelagem do Vestuário) e Sandro Henrique Ribeiro (Alimentos). Aberta pelo chefe do Departamento de Áreas Acadêmicas, professor Eduardo Carvalho de Rezende, a atividade contou também com a presença e participação da diretora-geral do Câmpus, professora Ana Lucia Siqueira de Oliveira.
As ações integradoras que envolvem os cursos do Instituto Federal de Goiás mostraram-se presentes nos detalhes de preparação do ambiente das palestras. A toalha de mesa utilizada foi decorada manualmente com stêncil, utilizando a técnica de gravura, por alunas e alunos do curso técnico integrado em Modelagem do Vestuário, em disciplina ministrada pelo professor Alexandre Guimarães. Após o trabalho de arte, o tecido foi confeccionado pelos estudantes para criação da peça decorativa.
Confira a programação completa da Semana de Planejamento Pedagógico 2020/1 do Câmpus Aparecida de Goiânia
Coordenação de Comunicação Social / Câmpus Aparecida de Goiânia
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