Setembro Azul envolve comunidade acadêmica do IFG Aparecida em diversificadas atividades

Print de tela do eventto "Happy Hour Pedagogia Bilíngue"

Setembro, mês da visibilidade da Comunidade Surda no Brasil, abriga datas que registram lutas e conquistas do povo surdo. No IFG – Câmpus Aparecida de Goiânia, as celebrações estão sendo vivenciadas em diferentes atividades, suscitando reflexões, parcerias e confraternização.

Por sediar o curso de Licenciatura em Pedagogia Bilíngue do IFG e ter um número crescente de estudantes surdos, toda a comunidade acadêmica do Câmpus Aparecida de Goiânia se envolve de alguma forma nas celebrações do Setembro Azul. A diretora-geral do IFG Aparecida, professora Ana Lucia Siqueira de Oliveira, chama a atenção para o pioneirismo do curso de Pedagogia Bilíngue: “Fomos o primeiro curso dessa modalidade no estado, o que abriu as portas para a educação bilíngue na nossa instituição e em Goiás”, afirma.

A coordenadora do curso, professora Késia Mendes Barbosa Oliveira, destaca o fato de o curso de Pedagogia Bilíngue poder celebrar a mensagem do Setembro Azul para além do mês. “Nós celebramos também o empenho por uma educação de qualidade social para ouvintes e para surdos, formando professores surdos e ouvintes, mais do que tudo pensando na centralidade da pedagogia na educação dessas pessoas que foram por tanto tempo invisibilizadas e não atendidas no seu direito, na sua língua”, afirma Késia.

Celebração no câmpus

O tema Setembro Azul marcou na noite desta quinta-feira, 16, o encontro festivo de encerramento do semestre 2021/1 do curso de Licenciatura em Pedagogia Bilíngue, denominado Happy Hour Pedagogia Bilíngue, que quebrou a rotina de aulas e fez do espaço virtual um lugar de descontração e aproximações, com apresentações de talentos da comunidade acadêmica e manifestações acerca do tema do encontro. Confira aqui imagens do evento.

Foram organizadoras do Happy Hour, a professora Joana Cristina Neves de Menezes Faria, as alunas Alessandra Astrol,  Kássiomaria Dias e Ingredy Batista e a intérprete de Libras Fabiana Ferreira. Muitos dos participantes estavam vestidos de azul. A cor que simboliza a luta por direitos da pessoa surda foi definida em 1999, no XIII Congresso Mundial de Surdos na Austrália, lembrando vítimas da Segunda Guerra Mundial, quando pessoas com deficiência eram obrigadas a usar uma faixa azul no braço, sendo facilmente identificadas e mortas por nazistas.

Literatura

Embora não esteja vinculado ao curso de Licenciatura em Pedagogia Bilíngue, a primeira obra que está sendo discutida pelos integrantes do projeto de ensino Lendo Juntos é “O Patinho Surdo”, tema escolhido em função do mês de estreia do projeto. Participam do grupo, 38 estudantes do Ensino Médio Técnico Integrado em Tempo Integral, Ensino Médio Técnico Integrado na modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA) e do curso superior de Licenciatura em Pedagogia Bilíngue. Eles estarão nesta sexta-feira, 17, em uma conversa com um dos autores do livro, Fabiano Souto Rosa, que é surdo. É também autor da obra o escritor Lodenir Karnopp.

O escritor Fabiano Souto Rosa é Doutor em Educação e coordenador da Área de Libras do Centro de Letras e Comunicação da Universidade Federal de Pelotas (RS). Pesquisador nas áreas de Literatura Surda, Pedagogia Surda, Estudos Surdos e Estudos de Língua de Sinais, o autor de “O Patinho Surdo” mantém também a página @odiariodafiorella na rede social Facebook, onde escreve com sua esposa sobre o desenvolvimento da filha surda Fiorella. Conhecimento científico e experiências de vida desse autor acerca do tema da inclusão serão partilhados com estudantes do IFG Aparecida no encontro.

A coordenadora do Projeto de Ensino Lendo Juntos, professora Josiane dos Santos Lima, que é Doutora em Letras e Linguística, explica que a partir do conhecimento da produção literária, os estudantes podem compreender como os discursos sociais podem ser materializados na relação texto-verbal e ilustração. O projeto é vinculado ao Núcleo de Estudos de Educação e Linguagem do IFG Aparecida de Goiânia e, além da coordenadora Josiane, é integrado pelos professores Alexssandro Ribeiro Moura, Joana Cristina Neves de Menezes de Faria, Thiago Aguiar e Waléria Batista da Silva Vaz Mendes e pela coordenadora de Apoio Pedagógico ao Discente, Maria Etevalda Batista da Silva.

Parcerias

A celebração do Setembro Azul no IFG Aparecida de Goiânia teve início no primeiro dia do mês, com a Roda de Conversa "Educação Bilíngue: novos rumos, novos desafios", realizado numa parceria do Núcleo de Estudos em Educação e Linguagem do IFG Aparecida de Goiânia e a Associação Nacional de Educação Inclusiva. O evento debateu perspectivas para a educação bilíngue no Brasil e celebrou a aprovação da lei 14.191/2021, que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica (LDB) e define a educação bilíngue Libras-Português como uma modalidade de ensino independente, tendo a Libras como primeira língua.

Foram debatedores na Roda de Conversa, a professora Waléria Batista da Silva Vaz Mendes (Instituto Federal de Goiás – Câmpus Aparecida de Goiânia e Associação Nacional de Educação Inclusiva), Josiane dos Santos Lima (Instituto Federal de Goiás  – Câmpus Aparecida de Goiânia), Eliana Cristina Bär (Instituto Federal de Santa Catarina – Câmpus Palhoça Bilíngue) e Flaviane Reis (Universidade Federal de Uberlândia e Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos).

A parceria institucional foi registrada também esta semana no IV Seminário de Educação Bilíngue de Surdos de Goiás, realizado de 13 a 16 de setembro, pelo Fórum Goiano em Defesa da Educação Bilíngue Libras / Português Escrito. Realizada virtualmente, esta edição do evento teve coordenação dos câmpus Senador Canedo e Aparecida de Goiânia do Instituto Federal de Goiás (IFG) e a Prefeitura Municipal de Senador Canedo.

Entre os palestrantes do IV Seminário de Educação Bilíngue de Surdos de Goiás, estavam as professoras Flávia de Almeida Pinheiro e Waléria Batista da Silva Vaz Mendes. Flávia de Almeida Pinheiro foi palestrante com os professores Sandra Patrícia de Faria Nascimento, da Universidade Federal de Uberlândia, e Inácio Antônio, da Secretaria de Educação do Distrito Federal. Eles abordaram o tema “A contextualização do ensino de PSLS sob uma perspectiva legal, curricular e prática”.

Já a palestra da professora Waléria Batista da Silva Vaz Mendes foi ministrada nesta quinta-feira, 16. Ela abordou, junto da professora Patrícia Luiza Rezende Curione, do Instituto Nacional de Educação de Surdos, o tema “Desafios e possibilidades a implementação de Políticas Linguísticas de Educação Bilíngue e de Surdos no Brasil durante e pós pandemia”.

A contribuição do curso de Pedagogia Bilíngue do IFG para reflexões sobre desafios e conquistas da comunidade surda registra-se também em outros eventos que estão sendo realizados este mês pelo País. São exemplos nesse sentido, o I Colóquio de Educação Unicerrado, a ser realizado pelo Centro Universitário de Goiatuba (GO), de 21 a 23 de setembro, e o III Encontro de Libras do IFS, a ser realizado pelo Instituto Federal de Sergipe no dia 24. Ambos os eventos também contam com palestras da professora Waléria Batista da Silva Vaz Mendes, do IFG – Câmpus Aparecida de Goiânia.

Algumas datas do Setembro Azul

1º de setembro – data de criação, em 2010, da Lei 12.319, que regulamenta a profissão de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais

10 de setembro – Dia da Língua Brasileira de Sinais – data em que foi proibido, em 1880, no Congresso de Milão, o uso das línguas de sinais na educação de surdos

21 de setembro – Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência

26 – Dia Nacional do Surdo - data da criação, em 1857, da primeira Escola de Surdos no Brasil na idade de Rio de Janeiro.

30 – Dia Mundial do Tradutor e Dia Internacional do Surdo – também em protesto ao episódio ocorrido no Congresso de Milão

Coordenação de Comunicação Social e Eventos / Câmpus Aparecida de Goiânia